Alta roda - Atenção aos vulneráveis
22 de ago. de 2015
|
10:56
Henrique Rodriguez
, Posted in
ALTA RODA
Por Fernando Calmon
Uma nova fonte inesperada de problemas para a indústria
automobilística surge à medida que aumenta o número de carros conectados à
internet por vários aparelhos, do telefone inteligente às centrais de multimídia.
Interferências eletromagnéticas há muito são monitoradas em exaustivos testes
até se alcançar blindagem contra elas. Quando automóveis Toyota nos EUA se
acidentaram em razão de acelerações descontroladas, uma das hipóteses, sem comprovação,
foi de frequências exóticas de bases militares. Telefones celulares, em aviões,
ainda têm restrições de uso.
Em veículos terrestres esse parece assunto superado. Porém,
interferências reais por meio de hackers – especialistas em programação de
computadores – geram preocupações nos EUA. Os chamados hackers do bem, que
descobrem vulnerabilidades em sistemas, demonstraram ser possível controlar um
automóvel à revelia do motorista. Fizeram brincadeiras como colocar o som no
máximo volume e até desligaram o motor em um Jeep Cherokee de cobaia. Parecia
coisa de ficção, mas não era.
Situação ficou séria, pois levou a FCA a convocar 1,4 milhão
de unidades para mudar programação do sistema multimídia. A fábrica optou pelo
envio de um pen drive de atualização. O órgão de segurança veicular do governo
americano (conhecido pela sigla NHTSA) investiga se outros fabricantes poderiam
igualmente ser afetados. Anomalias semelhantes, mas sem perdas nos controles de
motor, direção e freios, já tinham sido detectadas e solucionadas pela BMW e
suas subsidiárias MINI e Rolls-Royce.
Até mesmo a Tesla, marca americana de sedãs elétricos de
luxo, sofreu um ataque planejado em baixa velocidade. A empresa se vangloriava
de ser mais competente que os outros, mas dois especialistas em segurança
cibernética demonstraram a ação. A Tesla reconheceu a vulnerabilidade e
corrigiu o problema, embora alegasse que o teste fora executado a bordo e não a
distância. Desculpa fraquinha.
Metade dos 75 milhões de veículos leves vendidos em todo o
mundo este ano terá algum grau de conectividade. E daqui a 10 anos acredita-se
que serão até 250 milhões, desde os convencionais até os de condução autônoma.
Automóveis também deverão receber programas antivírus como os computadores
pessoais de hoje? Improvável que aconteça. Fabricantes de veículos e de
sistemas de informática já estão bem entrosados contra ações de hackers do mal.
Atualizações poderão se tornar eventuais nas linhas de montagem, nas
concessionárias ou mesmo por meio remoto e de forma automática, sem necessidade
de recall. Mas, nunca se sabe...
O fato é que nada vai parar os avanços de conectividade. Nem
o primeiro acidente com feridos leves do modelo de condução autônoma da Google
nos EUA, apesar de provocado por um veículo comum. Uma prova do interesse
crescente nesta tecnologia foi uma rara união de três grandes marcas rivais,
Audi, BMW e Mercedes-Benz, para comprar por US$ 3 bilhões a plataforma de mapas
digitais Here, da Nokia. Precisão e confiabilidade de rotas são essenciais em um
veículo que se autodirige e, também nesse caso, atualizações são cruciais para
segurança e sucesso deste recurso.
RODA VIVA
ENQUANTO o índice
de confiança dos compradores não melhorar – só no segundo trimestre de 2017,
segundo analistas – vendas de veículos continuarão deprimidas. Julho teve dois
dias úteis a mais que junho e mesmo assim estoques diminuíram de 46 para 45
dias apenas. Exportações reagiram 11%, mas produção total até julho ficou 18%
abaixo de igual período de 2014.
NISSAN chegou a
cogitar e desistiu de trazer do México o Note para não prejudicar cota de
importação do Sentra. Também não vai produzi-lo em Resende (RJ) pela má fase do
mercado brasileiro, apesar da mesma arquitetura do March. Guarda forças para o
crossover Kicks. Fit manterá, então, domínio de 50% dos monovolumes pequenos,
embora pareça mais um hatch de teto alto.
RENEGADE está
próximo em vendas do líder HR-V, mas luta permanece indefinida. SUV compacto da
Jeep tem vantagem de oferecer sete versões, dois motores (flex e diesel) e três
câmbios (manual de 5 marchas e automático de 6 e 9 marchas). Suspensões são
inigualáveis pela relação conforto/estabilidade, confirmada no uso diário.
Materiais de acabamento interno, também muito bons.
REFORÇOS estruturais
para desempenho fora de estrada levam o Renegade a pesar mais do que o ideal.
Dessa forma, motor flex (principalmente com câmbio automático) é pouco e versão
a turbodiesel de preço elevado até sobra, mais pela grande diferença de torque
do que de potência. Espaço no habitáculo impressiona bem, porém porta-malas de
260 litros perde para concorrentes.
PORSCHE acaba de
instalar filial própria no País. Passo natural para a marca que vê um mercado
em expansão, como demonstram as vendas do segmento premium e, mais que isso, o potencial.
O fabricante alemão atingiu 200.000 unidades/ano no mundo, crescimento
assombroso. Há duas décadas vendia apenas 18.000 carros/ano.