Primeiras impressões: JAC T6 quebra tradições dos carros chineses
Por R$ 69.990, tem espaço interno e dirigibilidade incomum para um JAC
Eu poderia começar esta matéria com um “jogo dos 7 acertos”, mas não vou fazer isso. Acertos, pois seria muito difícil errar o design de um carro quando muitos elementos estéticos são inspirados em um carro de sucesso. O JAC T6 tem qualidades, independente de lembrar carros de duas ou três marcas.
A sensação de déja-vu acompanha o JAC T6, mas o novo utilitário médio da fabricante chinesa tem alguma personalidade em sua dianteira com faróis que acompanham vincos do para-choque e tomada de ar que forma um “V” invertido. A traseira tem aspecto até conservador, mas as saídas de escape no para-choque são verdadeiras – embora os dois escapamentos joguem os gases para baixo.
O interior não impressiona, nem desagrada. Tem inspirações ocidentais e orientais, e é dominado por plásticos duros, mas de boa qualidade. Plástico preto brilhante faz os arremates e há couro no volante, nos apoia-braços e nos paineis de porta, mas nenhuma versão tem couro nos bancos – algo que terá de ser negociado na concessionária, como brinde ou acessório.
O que realmente importa no T6 é que ele vai contra algumas características comuns aos carros chineses – inclusive outros JAC. Se suspensão macia e que não controla a inclinação na carroceria em curvas é comum entre os conterrâneos, no T6 ela é firme e não deixa a carroceria inclinar com facilidade, mesmo sendo um carro pesado (1505kg) e com centro de gravidade elevado. E a receita de suspensão independente na traseira é encontrada em todos os automóveis da JAC.
Algo que também é incomum é a direção precisa e com peso progressivo de acordo com a velocidade, diminuindo o esforço do auxílio elétrico. O acerto dinâmico passa segurança em curvas, ao contrário do que se percebe nos outros SUVs chineses vendidos no Brasil, Chery Tiggo e Lifan X60. Mas seria melhor se o JAC tivesse controles de estabilidade e tração.
Algumas coisas não mudam, estão no DNA. Uma delas é a falta de força no motor em baixas rotações. Ou você dá uma acelerada extra e se acostuma com a sensibilidade da embreagem ao arrancar com o carro, ou o 2.0 16v JetFlex apaga. Este é o mesmo motor que estreou na minivan J6 em janeiro e até rende respeitáveis 155cv com gasolina e 160cv com álcool, e torque de 20,6kgfm entre 3.000rpm e 4.500rpm.
O motor tem sistema VVT, ou seja, abertura das válvulas de admissão com tempo variável. Isso, teoricamente, seria a solução para a falta de força em baixa, mas o motor só acorda, de fato, após os 2.800rpm. Para ter mais força em manobras, subidas e ultrapassagens, ou mesmo a sensação de que o motor está presente, a saída é mantê-lo girando forte e aproveitar ao máximo cada uma das cinco marchas do câmbio manual.
Sim, manual. Não tem opção de câmbio automático para o JAC T6 com este motor. A marca até estuda trazer ao país o T6 com câmbio automático, mas seria apenas com motor turbo e no ano, dependendo da aceitação do modelo e das cotas de veículos que poderá importar em 2016. É uma estratégia arriscada em um segmento onde ausência do pedal de embreagem é algo cada vez mais valorizado.
Mas não se engane. O comprimento de 4,47m e o entre-eixos de 2,64m define o JAC T6 como SUV médio, e ninguém contesta isso. A questão é que seus alvos estão entre os SUVs compactos, e o seus preços estão apontados diretamente para eles. É a velha estratégia chinesa de oferecer mais por menos passando do pacote de equipamentos para o tamanho do carro – e, consequentemente, ao espaço para os passageiros.
O JAC T6 será vendido em três versões. A mais em conta custa R$ 69.990 e tem tem rodas de 17 polegadas, espelhos, vidros e travas com acionamento elétrico, travamento automático das portas (coisa que o iX35 não tem), sensor de estacionamento e Isofix para fixação de cadeirinhas infantis.
O segundo pacote acrescenta barras longitudinais no teto, retrovisores na cor da carroceria, maçanetas e frisos laterais cromados e rebatimento elétrico dos retrovisores, enquanto o preço passa aos R$ 71.990. A versão mais cara também será a mais vendida, segundo a JAC. Sai por R$ 75.670 e troca o toca-CD com MP3 por uma central multimídia com câmera de ré, capaz até mesmo de controlar smartphones Android pela tela de sete polegadas. No caso dos iPhones, apenas espelha a tela.
Para os dois aparelhos é preciso ter um cabo HDMI para fazer a operação. Vale ressaltar que o aparelho não tem GPS nativo e a explicação é simples: nenhum aparelho automotivo consegue ser tão atualizado quanto os aplicativos disponíveis para smartphones, e abrir mão de algo nativo implicaria no aumento da vida útil do sistema.
Pode não parecer grande coisa, mas sistemas multimídia estão em alta no mercado. Tanto que a JAC estima que a grande maioria dos 400 carros que planeja vender mensalmente sejam da versão mais cara.
Galeria
Fotos | Henrique Rodriguez e divulgação
Ficha Técnica:
Origem: China
Preços: R$ 69.990 a R$ 75.670
Motor: flex, quatro cilindros, 16v, 1.997cm³, potência máxima de 155/160cv (a 6.000rpm) e torque de 20/20,6kgfm (a 3.500rpm)
Transmissão: manual de cinco marchas. Tração dianteira
Suspensão: McPherson na frente e independente multilink
Freios: a disco nas quatro rodas
Pneus: 225/70 R17
Dimensões: Comprimento de 4,47m, 2,64m (e.e.)
Peso: 1.505 quilos
Porta-malas: 610 litros
Tanque: 60 litros
Desempenho: 0-100 em 12,2s e máxima de 186km/h (dado da JAC)