Fábrica do Jeep Renegade é inaugurada oficialmente em Pernambuco
Unidade tem capacidade para 250 mil carros e quatro modelos diferentes
Quatro anos separam o canavial da fábrica mais moderna do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles), inaugurada nesta terça (28). É o Polo Automotivo Jeep, localizado em Goiana (PE), e que desde o dia 19 de fevereiro produz o Jeep Renegade em escala comercial – mas pode produzir até quatro modelos.
A fábrica está localizada a cerca de 60km do Recife, capital de Pernambuco. É a primeira unidade da Jeep fora dos Estados Unidos e, também, o primeiro grande investimento do grupo FCA, resultado da fusão entre os grupos Fiat e Chrysler consolidada em 13 de outubro.
Foram aplicados mais R$ 7 bilhões, se somados os cerca de R$ 3 bilhões consumidos na fábrica Jeep, os R$ 2 bilhões do parque de fornecedores e outros R$ 2 bilhões no desenvolvimento de produtos e outros investimentos. Dois terços do montante vem de financiamento do governo federal.
Segundo Stefan Ketter, vice-presidente mundial de Manufatura da FCA e responsável pela coordenação da implantação da fábrica, o desafio foi além da construção de uma fábrica de automóveis, e também envolve a inclusão de um parque de fornecedores de classe mundial em um local que há quatro anos era um canavial.
A planta ocupa uma área construída de 260 mil metros quadrados e terá capacidade para produzir até 250 mil veículos por ano. Já o parque de fornecedores inclui um complexo de 12 edifícios compartilhados por 16 empresas, em uma área de 270 mil metros quadrados. Nestas áreas serão gerados até 9.000 empregos até o final deste ano – 3.300 na fábrica Jeep, 4.900 no parque de fornecedores e mais 850 em serviços gerais. Dos empregados hoje, 82% são nordestinos e, destes, 78% pernambucanos.
“Em todas as minhas experiências pelo mundo, é aqui em Pernambuco que vi acontecer a maior revolução. Ela começou há cinco anos, quando acreditamos que no meio de uma plantação de cana-de-açúcar fosse possível criar uma das fábricas mais competitivas do mundo”, disse o presidente mundial da FCA, Sergio Marchionne, na cerimônia de inauguração.
Melhores processos e fábrica mais moderna
Para a FCA, a fábrica de Goiana representa também uma fusão das melhores soluções já implantadas em fábricas da Fiat e da Chrysler ao redor do mundo. O sistema de produção WCM – World Class Manufacturing – assegura a melhor interação entre homem e máquina, melhorando continuamente todos os processos.
As inovações da fábrica começam pelo seu formato. O Communication Center, considerado cérebro do Polo Automotivo Jeep, está posicionado bem no centro da unidade e dele é possível percorrer a pé todas as fases essenciais do processo de produção, desde as prensas até os veículos prontos para entrega ao consumidor. Os escritórios são um espaço aberto e os funcionários tem em mão notebooks e celulares corporativos, o que permite mobilidade pelo espaço e favorece tomadas de decisões rápidas.
A inovação na pintura está na eliminação da camada de primer, em processo denominado primerless. A base da pintura é o chamado B1, uma camada protetora da mesma cor que a carroceria vai receber. O processo garante a mesma qualidade e durabilidade da pintura comum, mas com menor consumo de energia e em menos emissões químicas na atmosfera.
Na montagem do carro o grande destaque está na ergonomia. O carro pode ser suspenso na altura correta para o funcionário e, caso precise suspender um componente pesado, um braço robótico o auxilia. Na hora de instalar componentes na parte de baixo do veículo, a carroceria é gira em seu próprio eixo para que ninguém precise se abaixar. Já a acoplagem do powertrain com o carro é feita automaticamente.
Mas, está na área de funilaria a principal inovação da planta: em uma estação com 14 robôs (serão 18 nos próximos meses) são aplicados em menos de 60 segundos 100 pontos de solda, congelando o esqueleto da carroceria em sua geometria correta. No processo mais comum, a fixação das partes e consolidação da carroceria é feita em várias estações e o movimento entre uma estação e outra pode comprometer a precisão da geometria.
A proximidade do porto de Suape será importante futuramente para a exportação do Renegade brasileiro para a América Latina. A distribuição dos carros pelo Brasil será feita apenas por caminhões e os carros vão percorrer uma média de 8 dias e 2,4 mil quilômetros antes de chegar ao consumidor final.
A empresa também quer aproximar sua nova fábrica dos consumidores da região e planeja entregar os carros aos clientes na fábrica. Isso valeria para algumas concessionárias selecionadas e envolveria um tour pela fábrica – que tem um showroom com todos os modelos da Jeep - e ainda uma volta no Camp Jeep, uma grande pista que simula situações de off-road montada do lado de fora da fábrica. A ação terá início dentro de até quatro meses.