Avaliação – Volkswagen Saveiro Highline Cabine Dupla une trabalho e lazer
Versão inédita conta com cinco lugares e espaço para carga
Se 100 anos atrás as fabricantes de automóveis se contentavam com um único modelo, hoje são tantos que nem sempre elas sabem em qual segmento atua cada um. A Volkswagen Saveiro Cabine Dupla ajuda nisso, sendo vários carros ao mesmo tempo.
Depois que a Fiat descobriu que o consumidor de uma picape compacta não quer transportar apenas carga, quer levar mais do que um carona, a Volkswagen se viu obrigada a pegar a mesma onda. Pode não fazer muito sentido, mas em um primeiro momento o que se tem é uma caçamba ambulante que pode levar cinco pessoas e custa a metade do preço de uma Amarok.
Confesso que torcia o nariz para esse tipo de picape quando ainda eram especulações. Me embrulhava o estômago lembrar da Ford Pampa Cabine Dupla criada pela Souza Ramos nos anos 80 e imaginava que o design seria a última preocupação novamente. Não foi bem assim com a Saveiro. Forma e função são equilibrados entre soluções curiosas, como o teto 10cm mais alto na parte traseira para acomodar os novos passageiros. Mas não teve jeito: o degrau lateral para acesso à caçamba foi eliminado.
O banco de trás é algo mais que quebra-galho. Dá para ficar ali, desde que haja boa vontade do motorista, que não pode recuar totalmente seu banco, e da galerinha de trás que firma um acordo de cavalheiros para não forçar o encosto do banco da frente com os joelhos. Só não é pior porque os passageiros do banco traseiro ficam em uma posição mais elevada e o encosto traseiro tem inclinação confortável. Janelas basculantes e até uma tomada 12v adicional para carregar o celular são as amenidades para a galera do fundão.
Mas só dá para andar em cinco por trajetos curtos, apesar de ter encosto de cabeça para todos. Essa Saveiro tem cabine dupla mas ainda é compacta e tem largura limitada.
É claro que com o aumento no espaço interno custou espaço na caçamba. A capacidade está 344 litros menor (um Gol tem 280l, por exemplo), passando dos 924 litros da versão de cabine simples para 580 litros nestas dupla. É mais do que se tem em um Voyage, com a vantagem de que você não precisa se preocupar com a limpeza da caçamba e o céu é o limite para o tamanho da carga. É aí que esta versão sustenta sua razão de existir.
Versão exclusiva
Quando com cabine dupla, a Volkswagen Saveiro tem três versões – Trendline, Highline e Cross. A Highline é exclusiva desta carroceria e representa a opção certa para quem quer misturar lazer e trabalho. E, se tempo é dinheiro, cobra muito tempo, também: R$ 58.610.
O motor é o antigo MSI 1.6 8v, que rende 101cv com gasolina e 104cv com etanol, o que não deixa de ser bom. Há bastante torque em baixa e isso é muito importante numa picape. O câmbio é manual de cinco marchas com engates precisos, e com escalonamento correto que garante o 0-100km/h em 10,9s e velocidade máxima de 171km/h, segundo a Volkswagen.
O consumo não é excelente, mas também não é dos piores: a média da equipe variou entre 7,5 km/l a 9,5 km/l, com álcool e gasolina, na ordem, sempre na cidade.
O pacote de equipamentos da versão Highline ao menos é completo e sem exageros. Computador de bordo, ar-condicionado, rodas de 15 polegadas, chave canivete, direção hidráulica, retrovisores elétricos com repetidores de seta, faróis e lanterna de neblina, som com MP3 player e Bluetooth, vidros elétricos e volante multifuncional compõem a lista dos principais elementos.
Por dentro, não há luxo. Acompanha o Gol Highline – ex-Power – com painel em dois tons de cinza, mas de plástico duro com poucas rebarbas e encaixes corretos. Mas não há nada que convença de que daqui a um ano o plástico que envolve os botões dos vidros elétricos não estará todo descascado, algo crônico na família Gol.
O revestimento em couro dos são opcionais da versão. O do motorista tem ajuste de altura. Já a coluna de direção é fixa - nada de ajustes de profundidade ou altura.
Ao volante, a Saveiro prova que a cabine maior não tirou dela o melhor comportamento dinâmico da família. O motor está adequado à proposta, enquanto a suspensão com molas progressivas mantém conforto mesmo carregada e não dá batente. A bitola traseira maior dá a sustentação necessária nas curvas, sempre superadas sem a traseira insinuar o desenho de se tornar a dianteira.
A visibilidade traseira, que nunca foi o forte de picapes compactas, fica ainda pior quando o carro está carregando com passageiros, claro. Esqueça o retrovisor interno neste caso.
O que temos aqui é um carro que consegue ser uma picape, um hatch duas portas e um sedã, equipado, divertido e caro, tudo ao mesmo tempo agora.
Galeria
Fotos | Henrique Rodriguez
Ficha Técnica
Motor: flex, 1.598cm³, 16V, quatro cilindros em linha, comando simples de válvulas no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 101cv com gasolina e 104cv com etanol a 5.250rpm.
Torque máximo: 15,4kgfm com gasolina e 15,6kgfm com etanol a 2.500rpm.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,2 segundos e 10,9 segundos com gasolina e etanol.
Velocidade máxima: 169km/h e 171km/h com gasolina e etanol no tanque.
Peso: 1.111kg. 715kg de carga útil.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com mola helicoidal e barra estabilizadora. Traseira interdependente com braços longitudinais e molas helicoidais.
Pneus: 205/60 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e discos atrás.
Dimensões: 4,49 metros de comprimento, 1,71m de largura, 1,55m de altura e 2,75m de distância entre-eixos.
Capacidade da caçamba: 580 litros.
Tanque de combustível: 55 litros.