Chery inaugura fábrica em Jacareí (SP)
Celer será brasileiro este ano, QQ em 2015 e SUV em 2016
Jacareí - Enfim a Chery pode se considerar nacional. Usando o lema “Agora brasileira de chassis, peças e coração”, a montadora inaugurou a unidade fabril de Jacareí, situada no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Com isso, largou na frente das outras marcas chinesas, sendo a primeira delas a produzir carros em solo brasileiro.
A fábrica é resultado de um investimento total de US$ 530 milhões, ou mais de R$ 1,2 bilhão. A soma foi dividida em duas fábricas distintas: a de automóveis, que consumiu US$ 400 milhões, e a de motores da Acteco (marca pertencente à Chery), onde foram investidos os outros US$ 130 milhões para a produção dos motores 1.0 e 1.5. “No futuro, também serão produzidos outros tipos de motores, para abastecer não só a demanda da Chery em Jacareí, mas como também outras localidades. Por enquanto, a Acteco fornecerá seus itens para o Brasil, mas planejamos exportar em um segundo momento”, revela Roger Peng, presidente da Chery Brasil.
Inaugurada depois de três anos de obras, a fábrica brasileira é uma ideia surgida logo no início das vendas com os modelos ainda importados aqui, há 5 anos. “A decisão de ter uma unidade industrial nacional foi tomada em 2009, antes mesmo do anúncio do aumento dos 30 pontos percentuais do IPI para carros importados. Desde lá, passamos por uma série de situações, como o anúncio do Inovar-Auto, e o cenário atual do setor continua não influenciando em nossa decisão. A Chery Brasil será o headquarter da Chery na América Latina”, declarou Peng.
Nacional de verdade
Na inauguração os presentes puderam ver, entre outros modelos da marca, o primeiro modelo feito – de maneira artesanal – na fábrica, o primeiro Celer, já reestilizado, que foi o marco inicial da produção. Com um milhão de metros quadrados, a fábrica tem 400 mil m² de área construída, além de um prédio administrativo e de uma edificação de restaurante. Além disso, ela tem uma pista de testes, que possui variações de terreno para simular as condições mais adversas de uso. E a fábrica tem “vizinhas ilustres”, como General Motors, Volkswagen e Ford.
De acordo com o vice-presidente da montadora, Luís Curi, a ideia é que até o final desse ano hajam 100 revendedoras da marca no Brasil. “Com a fábrica operando – e esperamos produzir 50 mil carros neste primeiro ano de funcionamento –, teremos uma demanda maior do mercado, o que refletirá também no aumento da rede”, declara. O primeiro modelo a ser produzido em Jacareí será o Celer, que já chega com mais de 50% de nacionalização (podendo chegar a até cerca de 70% em dois anos). Isso se dá graças a parceria com diversos fornecedores locais, como Plascar, Metagal, Pirelli, Moura, Bosch, HVCC, Tyco, Johnson Controls, Goodyear, Basf, Petronas, entre outros.
Depois do Celer, é a vez do QQ, que chega totalmente renovado no segundo trimestre de 2015. Em 2016 o próximo passo será a criação de um SUV especificamente para o mercado nacional, bem como o começo das exportações dos modelos Chery para outros países do Mercosul, como Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador, Venezuela e Peru.
Outra prova de que a fabricante colocou os dois pés no Brasil é que há planos de veículos específicos par ao nosso mercado no futuro. “No futuro, provavelmente a partir de 2018, a Chery terá um automóvel pensado, desenvolvido e produzido especialmente para o mercado brasileiro”, ressalta Luís Curi. Para que isso seja possível, a marca já anunciou um investimento de R$ 50 milhões num centro de Pesquisa e Desenvolvimento específico para o Brasil. “O centro de P&D também vai atuar no desenvolvimento de novos modelos para a América Latina”, diz Curi. O local do Centro ainda não foi definido, mas espera-se que seja feito também no Vale do Paraíba, dada a proximidade com a fábrica. "O centro de P&D será um instrumento para melhoria contínua. São José dos Campos é uma candidata fortíssima por estar perto da fábrica, mas ainda devemos estudar todas as possibilidades", disse Curi”.
Planos ambiciosos
A Chery ambiciona uma alavancada em suas vendas no país com a nova fábrica, esperando alcançar 3% de participação no mercado nacional até 2018. O valor parece baixo, mas 3% de participação significa ter maior participação que a Nissan tem atualmente, contando os emplacamentos de janeiro a julho deste ano, além de ser equivalente ao que as francesas Peugeot e Citrôen têm juntas.