O automóvel declara independência: Google apresenta seu carro autônomo
Este pode ser o marco zero do futuro da indústria automobilística. Mas ele não deverá ser unanimidade
A Google, anunciada como a empresa mais valiosa do mundo na semana passada, revelou seu carro autônomo definitivo. O veículo, que de certa forma lembra o símbolo do Android, não possui nenhum controle habitual, como volante, pedais e alavancas. Tudo o que é oferecido é apenas um botão de partida e outro para eventuais paradas de emergência. Não que elas sejam comuns – todos os acidentes registrados em testes da marca com protótipos ocorreram apenas quando havia condução manual.
A Google testou diversos protótipos nos últimos anos – dentre Toyota Prius, Audi TT, e SUVs da Lexus, e a consolidação desse modelo visto acima e nesse vídeo ficou por conta de uma fabricante não identificada de Detroit. Ao menos é o caso das 100 primeiras unidades, que possuem autonomia de 160 km/h e velocidade máxima de 25 km/h. Para atender às normas que permitem o trânsito de veículos na Califórnia, as próximas unidades terão controles que permitam uma condução manual em caso de emergências. Os retrovisores, por exemplo, foram reflexo da questão legalista.
A parte frontal do modelo é feita de um tipo de espuma, de modo que um pedestre atingido por uma eventual falha no sistema não venha a sofrer maiores danos físicos. O caráter autônomo é garantido por um sensor no teto do veículo que é capaz de atuar em todas as direções com uma amplitude de 600 metros. Além disso, o veículo autônomo possui um software da Google Maps capaz de se conectar a um aplicativo feito para smartphones. Basta selecionar uma localização que o veículo se dirigirá até lá pela melhor rota.
Chris Urmson, principal nome da Google no projeto, defende o investimento alegando é preciso compreender o que significa o conceito de veículo autônomo para a vida das pessoas e o quanto isso pode ser libertador. A Google avançou no assunto em muito pouco tempo, e a apresentação de um protótipo funcional se mostra surpreendente a essa altura do campeonato. Resta apenas ajustar detalhes que adequem o modelo à realidade do cotidiano, como, por exemplo, pedágios, algo facilmente controlado pelo Google Maps. Falta esperar uma resposta da Apple – we miss you, Jobs.
É evidente que será um conceito ainda muito debatido – a proposta soa de maneira estranha para aqueles que apreciam o hábito de dirigir, mas, ao mesmo tempo, parece extremamente promissora. E isso não é uma decisão unilateral da Google – a Nissan trabalha para criar um Leaf autônomo e pretende oferecer veículos com essa tecnologia a partir de 2020, enquanto a Mercedes se adiantou com o S500 Intelligent Drive, que ainda possui resquícios de condução manual. Em sumo, quem não curtiu nada disso foi a Ana Maria Braga.