Avaliação – Nissan Sentra nunca esteve em tão boa forma como agora
Sedã médio da Nissan é equilibrado e tem preço convidativo
Há dois tipos de sedãs médios no mercado: os de proposta mais esportiva, como Civic, Focus e Cruze, e outros que colocam o conforto de rodagem em primeiro lugar, como o Corolla e o carro em questão, o Sentra. A Nissan fez muito bem em criar do zero esta sétima geração do Sentra. Ele aproveitou a oportunidade para fazê-lo superar a crise de meia-idade pela qual passou na geração anterior, assumiu que sua juventude foi uma fase passageira e agora tudo que aprendeu com a vida desde 1982 é seu maior bem. Soa um tanto lúdico mas é verdade.
O Sentra descobriu que é possível ser bonito com formas simples, que o acabamento precisa ser honesto, que o motor não precisa ser de alta potência mas tem que entregar força no momento certo, mantendo o consumo moderado. Espaço interno e preço também são pontos relevantes.
Entre três gerações do Nissan Sentra vendidas por aqui, esta é a primeira com visual realmente atraente. As linhas contínuas na carroceira com volumes bem definidos dão a impressão de que o Sentra cresceu muito, mas foram apenas alguns centímetros: São 4,62 m de comprimento (+ 6 cm), 1,76 m de largura (+ 3 cm), 1,50 m (- 1 cm) de altura e 2.70 m de entreeixos (+ 1,5 cm). Mas, com 503 litros de capacidade, o porta-malas é 60 L maior. Na versão SL, como esta avaliada, as rodas aro 17 polegadas e os faróis e lanternas com LEDs dão outra cara ao carro.
Quem permanece, em partes, é o motor 2.0, que agora possui sistema de partida a frio que elimina o tanquinho de gasolina, e ainda promoveram alterações no cabeçote e na cabeça dos pistões, e há nova calibração do sistema de injeção, mas a taxa de compressão continua baixa (9,7:1), favorecendo a queima de gasolina. No fim das contas, dois cavalos foram demitidos: são 140 cv (5.100 rpm) e 20 kgfm de torque (4.800 rpm), seja com álcool ou com gasolina. Em outros mercados o Sentra recebeu um novo 1.8 de 132 cavalos.
O câmbio desta versão é o XTRONIC CVT, agora de segunda geração, que gera 30% menos atrito entre seus componentes. Sem marchas predefinidas, o Sentra acelera como um metrô, de forma progressiva aproveitando da melhor forma a força do motor. O convívio entre os dois é satisfatório, garantindo fôlego de sobra ao sedã em uso urbano. Na estrada ele não vai mal, pelo contrário, mantém sempre baixo o giro do motor (a 120 km/h ele mantém o motor a 2.000 rpm), mas em ultrapassagens e retomadas, por demandar um pouco mais de espaço em relação a um veículo automático quando na posição “Drive” o ideal é desligar a função Overdrive (ligada por padrão) para aumentar as rotações do motor e deixar o motor mais acordado. Ainda há a posição “Low”, ideal para descer serras com o auxílio de freio-motor, mas se prepare para o ruído do motor, pois ele vai invadir a cabine nesta condição.
Apesar da suavidade do sistema, o Sentra é capaz de cumprir o 0 a 100 km/h em 10 segundos, com máxima de 186 km/h com o CVT. A versão de entrada S é a única com câmbio manual de seis marchas, com o qual chega a 196 km/h. O consumo urbano, segundo as regras do Inmetro, fica em 10,2 km/l e 6,9 km/l, com gasolina e álcool, respectivamente. Já o consumo rodoviário fica em 12,9 km/l e 9,1 km/l. Não é nada mal para um sedã médio de quase 1.350 kg. São números possíveis, mas o motorista precisa de algumas horas ao volante para se acostumar ao funcionamento do sistema.
A suspensão está muito bem acertada, oferecendo conforto e boa estabilidade. Ele consegue absorver imperfeições do asfalto de forma muito mais eficiente que o March, por exemplo. Mas ainda assim é bom desviar de buracos. Pontos para a direção elétrica com assistência variável, que se mantém direta e com o peso certo em todo tipo de situação.
Por dentro uma evolução. Adeus ao painel quadrado e achatado no para-brisa! O novo painel forma uma peça única com as colunas “A”, o console e laterais de porta, dando a impressão que que todos os elementos possuem formas naturais. O acabamento, a montagem e os materiais usados são de boa qualidade e favorecem essa boa impressão. Todas as versões têm o volante revestido em couro, mas apenas a SL possui tal revestimento nos bancos – muito confortáveis por sinal.
O motorista tem a disposição regulagens manuais do encosto e da altura do banco, além da regulagem de profundidade. O volante tem regulagem de altura e profundidade, mas peca por despencar no colo do motorista quando é destravado. De toda forma, tudo no console está ao alcance das mãos, e para algumas configurações do rádio e do computador de bordo sequer é necessário tirar as mãos do volante. O mesmo vale para o controle de cruzeiro.
Em termos de equipamento de segurança, há airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS com distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD), sistema Isofix para fixação de cadeiras infantis, além de cinto de segurança de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes. Quem faz falta são os controles eletrônicos de tração e estabilidade.
Nesta versão topo de linha, há teto solar elétrico e sistema multimídia com tela de 5,8 polegadas que agrega Bluetooth – apenas para chamadas -, CD player, rádio, MP3, entrada USB e sistema de navegação (GPS). Além disso, há ar-condicionado digital com duas zonas, retrovisores dobráveis eletricamente, acendimento automático dos faróis e sensor de estacionamento traseiro. Todas as versões contam com partida sem chave. E não chega a ser caro para o que oferece: R$ 73.490
O Nissan Sentra realmente está vivendo a “melhor idade”.
Avaliação em video:
Pontos positivos:
- Conforto ao rodar
- Finalmente um Sentra bonito!
- Preço atraente
- Suavidade do câmbio CVT
Pontos negativos:
- Carece de controles de estabilidade e tração
- Motor ruidoso em giros elevados
- Sistema “um toque” apenas para o motorista