F1 2014 – GP da Austrália
Mercedes botando pra lá, decepção brasileira, estreia fenomenal e pódio perdido
Começou. Depois de meses de “silly-season” e de doze dias de treinos em Jerez e no Bahrein, finalmente a Fórmula 1 desse ano deu a largada. E, como já era de se esperar, o novo regulamento trouxe um sem-fim de novidades para essa corrida de abertura. Nem a largada foi igual ao comum, com os carros tendo que fazer uma segunda volta de apresentação antes do “pega pra capar” começar.
Como diriam muitos cinéfilos por aí, “pelo trailer, o filme vai ser bom”. E quando as luzes vermelhas se apagaram, o que deu pra se ver foi um espetáculo bem divertido, que deve ser a tônica para essa temporada. A alegria só não durou muito para nós, brasileiros, com Felipe Massa sendo tirado da pista por Kamui Kobayashi em menos de um minuto de corrida. O brasileiro ficou altamente frustrado, porque sabia que sua Williams tinha potencial para (pelo menos) brigar por pódio.
O que frustra mais é que, a julgar pelo desempenho do companheiro Valtteri Bottas, os belos bólidos da Martini tinham, sim, boas chances de fazer bonito. O finlandês largou em 15º por causa da troca do câmbio e vinha fazendo uma escalada belíssima de posições, até se exaltar na caça a Fernando Alonso e bater a roda traseira direita no muro. Depois de ir para os boxes e voltar em 16º, ele não desanimou. Com gosto de sangue, foi literalmente correndo atrás do prejuízo e fechou em sexto. Pouco para o que a Williams dá pinta de poder fazer esse ano, mas melhor do que tudo que ela conseguiu fazer em 2013.
Já o time que todos apostavam as fichas – a Mercedes – correspondeu, em parte, às expectativas. Nico Rosberg, que para muitos é postulante ao título desde já, fez uma corrida sólida e venceu sem grandes percalços, tal qual seu pai Keke em 1985. Já Lewis Hamilton, que prometeu “comer, dormir e respirar F1” para ser campeão novamente, foi traído pela confiabilidade do bólido prateado e preto e teve que abandonar. Verdade seja dita, o próprio Rosberg disse que o carro ainda não era 100% confiável...
De tanta novidade, até o pódio foi diferente. Tal qual já aconteceu em outras ocasiões na categoria, Daniel Ricciardo terminou em segundo (o que mostrou uma melhoria significativa da Red Bull frente ao terrível desempenho na pré-temporada), e foi aplaudido pelo público e recepcionado pelo ex-piloto e campeão mundial australiano Alan Jones. Ricciardo, no entanto, não pôde comemorar muito além da cerimônia do pódio. Foram encontradas irregularidades em seu RB10 e ele foi desclassificado. Sebastian Vettel não durou 5 voltas, então dá pra dizer que a Austrália é capítulo a ser esquecido pela Red Bull...
Tal pai, tal filho
Se Nico Rosberg fez jus ao sangue finlandês e venceu com sobras, Kevin Magnussen surpreendeu também. O jovem dinamarquês já tinha mostrado que tinha o talento do pai, Jan, que infelizmente não conseguiu se firmar na F1 ao terminar em terceiro e ter uma estreia no nível de Lewis Hamilton em 2007. Ele ainda foi premiado, subindo mais um lugar com a desclassificação de Ricciardo (e de quebra o companheiro, Button, herdou o terceiro lugar, deixando a McLaren líder entre os construtores), resultado , que segundo ele “é como uma vitória”. Kevin mostrou que pode, sim, ser um “novo Hamilton” na McLaren. Bastando, para isso, ter a cabeça no lugar, coisa o pai infelizmente jamais teve na Fórmula 1.
Para a Ferrari é que o GP da Austrália não foi motivo de festa. Com dois campeões mundiais nos cockpits, ela não passou do quarto lugar com Alonso e do sétimo com Raikkonen. Por outro lado, a Force India e a Toro Rosso têm o que celebrar. Nico Hulkenberg, do time indiano, andou boa parte da corrida em terceiro e fechou a prova num razoável sexto lugar. Já a dupla do time-satélite rubrotaurino fechou nos pontos, com Vergne em oitavo e Kvyat em nono. O russo, por sinal, se tornou o piloto mais jovem a pontuar, com essa colocação.
Para fechar o grid, Sauber, Caterham, Marussia e Lotus foram tão discretas que quase foram esquecidas. O time preto e dourado não terminou com nenhum de seus pilotos, assim como o verde-esmeralda . O esquadrão de Peter Sauber ficou – com ambos os pilotos – uma volta atrás do vencedor, e as Marussia terminaram, respectivamente, com duas e oito voltas de atraso.
Daqui a duas semanas nos vemos novamente no GP da Malásia. Até lá!