Avaliação – Com o Etios, Toyota escreve certo com linhas tortas

Motor e dinâmica salvam o pequeno hindu de família japonesa

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O carro acima é o Toyota Etios. Não parece, mas se trata de sua nova versão intermediária, XS 1.5, substituta do XS 1.3 na linha 2014. O design e o aspecto simples é questionável, mas se ele tem algo irretocável, é o comportamento dinâmico, algo que a carroceria com aspecto tão modesto está longe de tornar evidente.

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De certa forma o Etios passa hoje pelo mesmo que o Renault Logan passou quando chegou ao Brasil, em 2007. Também criado como um carro de baixo custo, o Logan convenceu pelo amplo espaço interno frente ao preço acessível, que se sobrepuseram ao design pouco inspirado – algo que ele acaba de corrigir. O Etios não tem o preço a seu favor, mas espaço interno, motor e comportamento dinâmico devem ter consumido boa parte do aporte para seu desenvolvimento. Não foi um dinheiro mal gasto.

O Etios já havia nos provado suas boas características na Expedição Etios, em maio passado, quando o Pedro Ivo percorreu 3 mil quilômetros entre nosso QG no Rio de Janeiro e o Recife. Agora o compacto foi posto em xeque no uso urbano.

As linhas tortas

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O Etios parece ter nascido em 1994 com o Chevrolet Corsa, com quem teria passado sua infância. Mas não, é um carro que apareceu pela primeira vez em 2011. Quase um Benjamin Button. Os faróis com lados retos, a grade que tende para baixo, as laterais simples, com um vinco ascendente discreto na base das portas e as lanternas que praticamente não se comunica com a lateral se somam num conjunto que não consegue se destacar diante de nenhum de seus concorrentes, que, vale destacar, nunca apelaram tanto para o design.

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O interior não chega a ser exatamente simples, é exótico. Os instrumentos no centro do console não chegam a ser novidade, mas a forma como exibe as informações é pouco prática. O grande velocímetro que parece ter saído de um Cadillac da década de 60 leva para longe o conta-giros, que é inútil até que você possa desviar sua atenção trânsito para olhar, ou aproveitar aquela olhada no retrovisor. O hodômetro disputa uma pequena dela de cristal líquido com o marcador de combustível e qualquer alerta luminoso aparecerá ao lado. Mais em baixo está o rádio e, em seguida os comandos de ar-condicionado. Suas saídas de ar foram deslocadas para a esquerda, e há outras duas nas extremidades.
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_L5A3507-1O painel poderia ser só isso, ainda que haja dois tweeters rentes ao para-brisas – os outros ficam nas portas dianteiras e não há nenhum atrás – e o porta-luvas com refrigeração – coisa que nem o Corolla tem. Na parte inferior a tomada 12V fica solitária. O incômodo se dá pela variedade de texturas dos plásticos, contamos 8, desde o black piano que ocupa quase toda a área dos comandos – uma área com grandes chances de ser arranhada pelas unhas – até o plástico comum do porta-luvas. Parece uma colcha de retalhos. Pelo menos os encaixes são bons e não nota-se rebarbas, porém, seria conveniente esconder melhor a caixa de ar, que fica exposta aos olhos dependendo do ângulo que se olha do lado do passageiro.
_L5A3506-1 _L5A3538-1A simplicidade dos bancos, que não tem tecido diferenciado nas laterais, também salta aos olhos. Mas, pelo menos o volante é agradável: apesar de carecer de comandos do som, tem pega melhor que o volante do novo Corolla GLi que passou pela nossa mão na semana passada. A ausência de regulagem elétrica nos retrovisores é pontual: todos os Etios fabricados a partir de novembro, quando Etios Cross foi lançado, contam com o equipamento.

Parece até que Gandhi se envolveu no desenvolvimento do Etios, mas nem adianta dizer que ele é assim por ter sido desenvolvido na Índia. Seu foco sempre foi atender mercados emergentes e, segundo o colega Shrawan Raja, do IndianAutosBlog, este conjunto também não agradou seus conterrâneos – os mesmos que fizeram o Tata Nano “flopar”.
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Ao menos há espaço suficiente para quatro pessoas viajarem com conforto. Os bancos dianteiros com encosto mais fino aumenta o espaço para as pernas de quem viaja atrás, muito melhor que o esperado de um carro com 2,46 metros de entreeixos. O Volkswagen Gol, por exemplo, tem o mesmo entreeixos mas não a mesma habitabilidade do interior. Mas a capacidade do porta-malas do Etios é 15L menor, com 270L.
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Motor-herói

Este Toyota Etios XS nos foi entregue com apenas 400 km rodados. De pronto veio a preocupação de estar dirigindo um carro com motor ainda “amarrado”. Que nada… Este 1.5 16V Flex fabricado no Japão, que gera 96.5 cv @5.600 rpm e 13,9 kgfm de torque a 3.100 rpm quando com álcool – como neste caso – não tem números de encher os olhos, mas é mais do que suficiente para os 945 kg do hatch. São números próximos do 1.5 8V da PSA, mas, por ter comandos das válvulas de admissão variável, este 16V é muito elástico e tem fôlego em todas as situações. A potência, ainda que modesta diante de alguns 1.4, aparece muito mais cedo, era isso é louvável em trânsito urbano.
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_L5A3528-1A saída é vigorosa e a transmissão tem engates precisos, sem manhas, apenas com curso um pouco mais longo em algumas marchas. A boa embreagem, com acionamento leve e certeiro é cúmplice. A direção eletroassistida também soma pontos positivos: é sempre leve, mas seu peso é progressivo e sua atuação é direta na medida certa.

Só não é mais certa que a suspensão, adequada de forma exemplar à proposta do carro. O Etios não é um esportivo, portanto não precisa de suspensão dura: o conjunto - tradicional, do tipo McPherson na dianteira e por eixo de torção na traseira – é bem acertado. Consegue absorver muito bem a irregularidade das vias e ainda assim adernar pouco nas curvas, mantendo boa estabilidade e transmitindo certa solidez. O isolamento acústico é, certamente, um dos melhores entre os compactos. Estranho a Toyota não ter economizado em isolamento acústico em seu low-cost, por ser algo comum no segmento…

Na balança

_L5A3496-1Sinceramente, não me parece lógico a Toyota ter mudado o motor do Etios XS um ano após seu lançamento. Isso porque antes seu motor era o 1.3 16V de 90 cv e 12,8 kgfm de torque a 3.100 rpm com álcool, substituído pelo 1.5 16V de 96.5 cv e 13,9 kgfm de torque a 3.100 rpm. A mudança implicou, à época, num aumento de apenas R$ 200 reais. Justo. A questão é que, em matéria de equipamentos, a diferença do Etios X 1.3 para o XS 1.5 é o aparelho de som com CD player e USB mas sem bluetooth, fora o acabamento em black piano, o acabamento preto na coluna B e o cromado nas saídas de ar. Isso representa um aumento de R$ 3.500: dos 37.290 para os R$ 40.790 – sem acréscimo de pintura metálica. Não justifica, ainda mais considerando que os motores são praticamente gêmeos, sendo que um cresceu 200 cm³ a mais que o outro (acontece…) com ganho mínimo de potência._L5A3486-1
A verdade é que o Etios X já tem “tudo”. Ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, limpador e lavador traseiro e os obrigatórios freio ABS com EBD e airbags dianteiros, além de amenidades como aerofólio, maçanetas e retrovisores na cor do carro e tecido no acabamento das portas. Se tivesse sistema de som, acabaria com a razão de existir do XS.
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A versão topo de linha XLS, de R$ 44.290, tem rodas de liga leve aro 15”, faróis de neblina, volante com comandos do som, alarme e os acabamentos cromados da tampa do porta-malas e da grade dianteira que me parece de mal gosto. Neste caso o aumento de R$ 3.500 no preço é justificável, mas o Etios não é o “completão” anunciado. Ele não tem regulagem de altura do banco do motorista, nem computador de bordo!

Conclusão

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Você sabia que boa parte daqueles produtos de marca própria dos supermercados muitas vezes são fabricados pela mesma empresa que faz o produto que você compraria pagando até 20% mais caro? O Etios seria o carro perfeito para as pessoas que se deram ao trabalho de ler a embalagem e perceber isso, mas apenas se fosse mais barato, e ele não é. 40 mil reais é um valor considerável e que te deixa diante de modelos mais atraentes.
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Se mais barato ou melhor posicionado o Etios teria desempenho no mercado tão ou até mais brilhante que o do Logan. O carro em si é bom! O ideal seria descontinuar a versão X e colocar a XS no seu preço, e “rebaixar” a versão XLS da mesma forma, deixando o Etios Cross (R$ 47.390) como versão topo de linha. O Etios XS só se justifica pelo motor 1.5.

Concessionárias Toyota oferecem mimos para os compradores do Etios, a ponto de pagar preço de tabela Fipe em seminovos. É válido por tudo na ponta do lápis considerando o que os concorrentes oferecem, tanto em facilidades como em equipamentos, e ver quem leva a melhor.

Pontos positivos

  • Motor ágil e câmbio justinho
  • Espaço interno
  • Estabilidade
  • Conforto acústico

Pontos negativos

  • Aspecto de carro simples
  • Poucos equipamentos de conforto
  • Simplicidade do design
  • Preço

Economia em escala

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_L5A3492-1A Toyota não economizou no conjunto mecânico nem no isolamento acústico do Etios, mas, durante a avaliação percebemos detalhes que evidenciam a estratégia de corte de custos em escala na produção do Etios.

Um bom exemplo: apenas uma mola à gás sustenta a tampa do porta-malas, assim como apenas um barbante sustentando a proteção superior do porta-malas. Não parece, mas só há uma lâmpada de ré, do lado direito. Limpador do para-brisa? Apenas um também, que pode trabalhar em conjunto com o único esguicho do lavador. O painel com quadro de instrumentos central facilitou o projeto do Etios na hora de inverter a posição do volante, principalmente na parte técnica, como componentes e fiação.
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Ih,furou o pneu!

Por Fabio Perrotta Jr.

E como os versos que Tim Maia cantava, o pneu furou. O farol estava aceso, eram aproximadamente 23h e eu encostei em um local seguro para executar a troca, aparentemente fácil... só aparentemente mesmo!

A causa foi uma peça metálica, acoplada a um parafuso de aproximadamente oito centímetros, que entrou no pneu e causou o furo. Primeiro passo foi abrir a mala e retirar o estepe e o macaco, já que não precisava sinalizar o problema, estava em um posto de gasolina fechado. Estepe, ok! Macaco... macaco... macaco... cadê o macaco desse carro? Pois é, até achar o macaco para suspender o carro e trocar o pneu foram 30 minutos. Nesse meio tempo, eu tentei ligar para a assistência Toyota, que tem seu número disponibilizado no manual do veículo, e... nada! Estava na rua, portanto, fiz a ligação do meu celular. Fui informado por uma mensagem automática que aquele terminal não aceitava ligações de redes móveis! Como um telefone de emergência não aceita ligação de celular?
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Ok, eu só queria saber onde ficava o macaco. Venci a preguiça, arrumei uma lanterna e procurei no manual. Finalmente, localizei a bendita peça. Ela se encontrava abaixo do banco do motorista -confesso que nunca soube de tal local para guardar a peça- e de péssimo acesso. A manobra para retira-lo consiste em colocar o banco do motorista na posição mais próxima dos pedais, se abaixar no banco traseiro, tatear até achar a trava, destravar a peça e usa-la. Só consegui cumprir até a parte de abaixar no banco traseiro. Não achei a trava de jeito algum! Um amigo que morava próximo se propôs a buscar o macaco do seu carro e me emprestar. Após a chegada da peça, tudo ocorreu como deveria ocorrer e o pneu foi trocado tranquilamente. Apesar do episódio negativo, vale destacar a trava da calota. Muito eficiente e simples, sem dificultar na hora da troca.

Galeria
Fotos | Fabio Perrotta (Portfolio)

Ficha técnica

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