A chance de revolução no mercado automotivo
Fabricantes chinesas podem seguir passos de japonesas e coreanas
para se tornarem pedra no sapato de grandes marcas
Por Douglas Lemos
É tudo uma questão de ponto de vista, mas, em uma primeira impressão, o início da operação dos chineses no Brasil soava como uma verdadeira icógnita. Em 2012, as marcas do gigante país oriental abocanhavam apenas 2% do nosso mercado automotivo e as repetitivas propagandas na televisão ressaltavam itens de série como principal atrativo frente aos concorrentes que, em sua maioria, já apresentavam nome consagrado no mercado brasileiro.
Em experiência própria, várias rodas de conversa de amigos recordaram o a vinda dos nipônicos e coreanos ao nosso país. Apesar da desconfiança, anos depois eles se tornaram referência para o consumidor em seus segmentos e levam a fama de veículos quase inquebráveis. Os chineses partiram da produção de riquixás – veículos de três rodas – e passaram a produzir automóveis com ar-condicionado, freios ABS e airbags de série com preços competitivos em pouco tempo. Mas quando a esmola pode ser demais, não há confiança que se crie de maneira fácil.
Para garantir a segurança dos ocupantes, não bastam apenas itens de segurança ativa e passiva: deve-se levar como base de tudo a qualidade de construção – algo questionado, tanto nos veículos brasileiros quanto nos chineses. Testes de colisão feitos pela Latin New Car Assessment Programme (Latin NCAP), entidade máxima responsável pelos testes de colisão na América Latina – em novembro de 2012, classificaram o JAC J3 com apenas uma estrela, entre cinco possíveis, no critério de segurança para adultos e duas estrelas no quesito proteção às crianças. Vale ressaltar que o veículo testado era equipado com as bolsas infláveis para motorista e passageiro.
Mas nem tudo é pesadelo. Há uma perspectiva de evolução na segurança dos chineses. E a prova viva é o Qoros 3 (acima), que enfrentou a rigorosa bateria de avaliações da Euro NCAP – entidade de mesma função da Latin NCAP, no velho continente – alcançando a marca máxima de cinco estrelas no teste, que o torna o primeiro modelo chinês a receber a nota mais alta possível em uma prova de colisão.
Em pouco tempo as chinesas evoluíram em qualidade de construção, acabamentos, e durabilidade, ou seja: evoluíram em fatos questionáveis sobre elas. É de se esperar que estas fabricantes venham, de fato, a incomodar as grandes fabricantes, agregar qualidade e segurança além de trazer preços competitivos a vários segmentos. Isso tudo em um futuro não muito distante.
Fotos | Fabio Perrota e Divulgação EuroNCAP
* Este texto é um artigo opinativo. O ponto de vista do leitor não tem ligação obrigatória com o ponto de vista do Novidades Automotivas.
Douglas Lemos é estudante de jornalismo da Universidade de Brasília e colaborador do Novidades Automotivas desde setembro de 2011