VW e-Co-Motion Concept ainda é conceito, mas pode chamar de “nova Kombi”!
Engenheiro da VW dá detalhes sobre utilitário que deve substituir a Kombi
Genebra, Suíça - A longeva Kombi está fadada a entrar para a história no final deste ano, logo após ter completado 56 anos em produção no Brasil. Mas a Volkswagen não pretende ficar de fora de um segmento rentável e historicamente dominado pela Kombi, que não conta com concorrentes diretos. Seu substituto está sendo preparado, e não será o Volkswagen Transporter (evolução da própria Kombi).
Sim, o Transporter (ou T5, como é chamado pelo pessoal da VW) será vendido no Brasil, e em breve. Deve chegar primeiro importado da Alemanha e, em meados do ano que vem, passar a ser montado na fábrica da MAN Caminhões em Resende (RJ). Mas este é um veículo comercial maior, do porte de Fiat Ducato, Renault Master, Ford Transit e Mercedes-Benz Sprinter, e portanto, deverá custar o dobro do que é cobrado hoje por uma Kombi.
O futuro substituto da “Velha Senhora” atende hoje pelo nome de Volkswagen e-Co-Motion Concept, e encontra-se em exibição no stand da marca no Salão de Genebra, até o próximo domingo (17).
Conceito, mesmo?
Apresentado como conceito, o e-Co-Motion usaria, segundo a VW, um motor elétrico montado no eixo traseiro e com transmissão planetária de marcha única à frente. Este motor geraria 50 kW (73 cv) continuamente, com pico de potência de 87 kW (116 cv), e torque constante de 270 Nm / 27,5 kgfm.
Contudo, o “status” de carro conceitual e o discurso de propulsão elétrica não batem com o que vimos em Genebra. Assim como os engenheiros chineses, que vão aos Salões internacionais para tomar medidas e estudar soluções dos modelos ocidentais mais recentes, fizemos uma revista no E-Co-Motion. E, no geral, o que está exposto é um furgão simples, prático, de construção de baixo custo. De conceitual, ele tem apenas a decoração e o discurso!
Dobradiças aparentes das portas traseiras, borrachas de vedação e outras guarnições, limpadores de para-brisas, qualidade e textura de plásticos no interior, entre outros detalhes, indicam que o carro está praticamente pronto para ganhar as linhas de montagem. No interior, basta excluir os apliques metálicos (de aspecto claramente improvisado, diga-se de passagem) presentes no painel e nas laterais das portas, e substituir as capas dos bancos e teremos um carro normal de produção em série. Ah, a tela touch-screen de 8 polegadas no painel, onde são exibidas informações do sistema elétrico e de entretenimento, também dança.
A única alteração relevante, pelo que pudemos notar, será a provável substituição do sistema de abertura das portas laterais apoiadas em braços pantográficos, pelo esquema de portas corrediças (mais simples e barato) com trilho embutido no vinco já existente na lateral do veículo.
E se tudo indica que o modelo deve ganhar as ruas muito em breve, alguns indícios fazem crer que não serão ruas europeias.
Explicamos: Com 4,55 m de comprimento, 1,90 m de largura e 1,96 m de altura, o e-Co-Motion estaria posicionado entre Caddy e Transporter. Contudo, detalhes de construção e de acabamento vistos no modelo exposto (como a qualidade dos materiais) mostram que este é um produto bem mais simples que os irmãos alemães e, mesmo sendo um utilitário, seria um produto rústico para os padrões do mercado europeu.
Plataforma mista
Questionado sobre o modelo, um engenheiro da Volkswagen nos explicou (em alemão) que o modelo emprega uma plataforma mista, com estrutura inferior derivada do Tiguan e estrutura superior derivada do T5 (Transporter). Segundo ele, o resultado desta combinação é um veículo comercial com bom comportamento dinâmico (graças, principalmente, ao com conjunto mecânico instalado em posição mais baixa) e com bastante disposição para o transporte de carga. A capacidade anunciada é de 4,6 m³ e 800 kg de carga.
Questionado sobre a intenção de se produzir o modelo no Brasil, o mesmo engenheiro desconversou. Segundo ele, o que separa o e-Co-Motion da realidade é o uso do motor elétrico traseiro. Mas o que vimos ao olhar o veículo por baixo é um motor convencional montado na dianteira (e com tração também dianteira).
Foi quando argumentamos que a velha T2 (como é chamada a geração da nossa Kombi lá fora) sairia forçosamente de linha no final do ano, devido à obrigatoriedade de airbags e ABS, e que, pelo porte, pelas características construtivas e de acabamento, o conceito exposto era claramente um carro pronto para a produção, e mais adequado à realidade de mercados como o brasileiro, e não ao europeu! A resposta veio numa expressão de surpresa por parte do engenheiro, como se ele dissesse “Oops, será que falei demais!?”.
Enfim, pode chamar o e-Co-Motion de “nova Kombi” que ele atende!
Por Fábio Abreu e Henrique Rodriguez
Fotos | Renato Passos, Fábio Abreu, Divulgação