O bom, o mau e o caricato – Genebra em análise
Na primeira parte sobre o que vi em Genebra, ressalto as verdadeiras novidades, aquilo que nos anima e pode chegar de forma marcante ao Brasil.
Citroën DS3 Cabrio – Diversão a céu aberto numa embalagem simpática e atraente. E com bons preços, na Europa. Parece uma excelente opção para passeios nos dias de sol, com a segurança almejada por alguns fornecida pela manutenção dos arcos laterais. Os motores, quando exigidos, não fazem feio e arrancam sorrisos dos condutores, juntamente do chassis bem acertado. Bom movimento, Citroën.
Ssangyong – Aos poucos, vai saindo das trevas do design em que habitou nos últimos anos. Modelos como Rodius e Kyron habitaram o pesadelo de muitos gearheads pelo visual pesado, confuso e disforme. Com o protótipo XIV-2 e o novo Korando, a fabricante sul-coreana aponta para um caminho de acertos nos designs futuros, relegando ao passado muito de suas criações estranhas.
Renault Scénic – Um modelo bom e barato para os padrões europeus, e adequado para aquilo que esperamos no Brasil. É melhor que a Livina e Spin, embora uma perua de mesma categoria seja mais desejável. Se, no começo dos anos 2000 assistimos a dominação desses carros num mercado antes dominados pelas stations, seguido de uma vertiginosa queda deles e defasagem dos modelos, talvez seja a hora da Renault tentar resgatar o carisma de outrora e apresentar um modelo atual e com bom custo-benefício para as famílias brasileiras.
Porsche Carrera 4S – É o mesmo, em plena evolução. E isso é bom. Na verdade, excelente.
Bentley Flying Spur – A Bentley busca o aprimoramento contínuo de seus modelos, principalmente quando parte do grupo VW. Paralelamente, a Bentley tem os carros próximos da perfeição. Paradoxal? Não, a partir do momento em que a qualidade de construção incrível com materiais luxuosos e da engenharia moderna e avançada só alcança esse patamar pelo nível de solicitação de seus clientes e pela busca incessante de ser sempre a melhor. Curioso, não?
McLaren F1 – É uma sensação para os amantes dos automóveis equivalente a um muçulmano ver Maomé. Recomendo a todos. Aquilo que foi o suprassumo do desempenho e da tecnologia nos anos 90 não somente mantém o seu trono, como sacudiu o coração de muitos presentes no evento de forma indescritível. Simplesmente sensacional.
Corvette – A melhor descrição para a sétima geração desse mito americano é: Um redneck que acabou de sair do MIT, e com sede de sangue. Embora mantendo o iconoclástico V8 small-block LT1 de 6,2 litros e 450 cv, a carroceria é completamente nova, com extenso uso de alumínio e compósitos leves. Completamente animal.
Porsche Boxster – Ele te veste bem, você se encaixa nele. Ele anda bem, você retribui com um sorriso. Suas formas são suaves e agressivas, e causam frisson por onde passa. E, como a cereja do topo do bolo, está em sua terceira geração. Perfeito. Próximo.
LaFerrari – A força, tradição, beleza e extravagância bem posta da Itália em uma embalagem hi-tech e ainda mais avassaladora. Da mesma forma que a F40 foi superlativa em sua época pelo desempenho cru e arrebatador, a LaFerrari é o marco de uma nova era em que desempenho e busca por motores mais amigáveis ao meio ambiente caminham lado a lado. Paralelamente, o seu desenho segue o atual estilo seguido pela fábrica italiana, não sendo desanimador como o da F50. Logo, uma excelente sucessora para a Enzo.
RR Phantom – De longe e sem dúvidas, o expoente máximo de luxo e requinte em um só carro. Nele, mimos consideráveis dispensáveis em qualquer outro automóvel são primordiais para a aura da marca e o ambiente a bordo. Coisas como os comandos em aço cromado de excelente qualidade assim como o couro, tapetes mais peludos que um cachorro, espaço interno de um apartamento em Mônaco e uma sombrinha inglesa na porta. Dentre outras coisas absurdamente desnecessárias e charmosas. Vale e reforça o nome da marca, mais do que nunca.
Mitsubishi Space Star – Se a Mitsubishi mirou em algo para o desenvolvimento do Mirage, chamado no mercado europeu de Space Star, com certeza tomou como parâmetro as referências do segmento, e foi feliz em cria-lo desta forma. Nada, dentro daquele pavilhão, me lembrava tanto o Brasil. Se vier a bons preços, vai sacudir a categoria dos compactos, já que boa construção e tecnologia embarcada ele tem, além de provar que para construir um carro barato ele não precisa ser feio (ouviu, Etios?). Dentro da realidade do mercado brasileiro, eu verdadeiramente gostei.
Qashqai – Nissan, que tal ganhar dinheiro vendendo um carro melhor que o EcoSport por um preço idêntico? O Qashqai é realmente simpático, bem construído, equipado e dotado de bons motores. Prova cabal disto são as boas vendas no velho continente. Se a Nissan têm suas cotas de importação estouradas e capacidade produtiva estourada no Brasil, tudo bem. Agora, se vier para cá, o EcoSport sai de cena como referência brasileira neste segmento.
Wiesmann – Sempre que falamos em Alemanha e alemães, pensamos em ângulos retos, leis estritas, cerveja, Autobahn e Scorpions. Ouvindo este último, tendo em conta o penúltimo, bebendo o antepenúltimo e desprezando o resto, temos aí um exemplar perfeito da mais pura rebeldia germânica – Grandes motores, design vintage e desempenho cru. Gostamos muito.
Cadillac – Tremei, BMW e Audi. Se tínhamos como referencial de dinâmica dos carros americanos uma gelatina quente, a Cadillac mudou tudo e mais um pouco quanto a isso. Com desenhos típicos, únicos e acertados, bom preços, motores eficazes e dinâmica de arrancar sorrisos dos entusiastas. A marca tem, portanto, tudo para causar pânico nos fabricantes europeus. Isso se a GM não fizer nada errado...
Nissan Note – Substituta da Livina, seja bem vinda. E a Nissan se faz uma expert em perder dinheiro. Junte tudo aquilo que falamos acima sobre o Qashqai com o que falamos da Scénic. É a descrição ideal para o Note, sua aparição e posição de mercado. É a chance de ouro da fabricante nipônica de fazer seu nome em um segmento enterrado, em que um modelo pode se tornar a referência sem muito esforço. Esperamos que as notícias de sua fabricação na nova fábrica no Rio de Janeiro sejam confirmadas.
Volkswagen XL1 – Delicioso devaneio germânico que ganha as ruas, mesmo em quantidade limitada. Se mais iniciativas assim fossem tomadas, os gearheads seriam pessoas mais felizes e o mundo teria menos guerras. Afinal, um desenho completamente inovador, um motor a combustão que é um nocaute nas iniciativas puramente elétricas, com interior alegre e prático? Precisamos de mais, definitivamente.
SRT Viper – O melhor fruto de uma intensa e quente relação amorosa entre uma atleta italiana e um fazendeiro texano. Toda a brutalidade de um big block ignorante americano, com uma roupagem igualmente brutal mas cortada por italianos, que inseriram usabilidade sem perder um sequer da sua bestialidade. Mais um caso de melhoria plena e absoluta.
Mercedes SL – Imagine aí algo que um carro pode ter. Pois é, ele tem. Um dos expoentes máximos da marca teutônica, chegou mais leve e potente em mais uma glamorosa geração. E recheado de equipamentos que sequer pensamos em ter em nossas casas.
Alfa Romeo 4C – Uma palavra de ordem e bem querer para todo italiano sensacional que venha a ganhar as ruas: Não quebrando, não pegando fogo, não saindo de linha em dois anos, tem tudo pra ser umas das mais perfeitas criações realizadas na terra da bota nos últimos tempos. Curto, largo, leve, com excelente powertrain e com desenho excepcional, tem tudo para causar rugas no Audi TT, Porsche Cayman e outros concorrentes de peso.
Mazda6 – Então, que é mesmo o infeliz de quem não trouxe o Fusion com uma roupa ainda mais bonita pro Brasil? Já belo e interessante na sua primeira geração, a Mazda faz do 6 um dos sedans mais bonitos do mercado mundial, sobre uma base fortemente reconhecida e com uma dinâmica calorosa. Enquanto isso no Brasil, disputamos aos tapas as poucas gerações de Miata remanescentes.
Renault Captur – É o Duster metrossexual de um mercado mais exigente, rico e moderno. Prova de que Renault busca se reestrutura no mercado europeu, atacando por todos os flancos possíveis de mercado. Tem construção moderna, assim como visual, e está equipado com os eficientes motores da fabricante francesa, que conciliam bem potência e economia. De quebra, um ambiente interno moderno e espaçoso reforça a excelência do carro.
Opel Cascada – Um daqueles carros belos, práticos e com preço condizente com o mercado europeu. Mais uma bola dentro da Opel, de forma tal que eu teria um facilmente. Bonito, prático e bem resolvido.
Opel Adam R2 – Ressuscitou a clássica pintura de rallye da Opel dos anos 70 e 80. Isso já é suficiente.
Ferrari FF – É injustiçada. Tem sim sua graça, como costumam ter as shooting breaks, embora a imprensa adora escamá-la. E a tração integral permite que um condutor sem superpoderes possa tirá-la da garagem sem matar ou alguém ou morrer por motivo fútil. Afinal, a época de carros mortais italianos já teve o seu fim.
Subaru BRZ – Vide O Porsche Boxster, mas em uma embalagem fechada, nipônica e mais acessível. Tudo aquilo que lemos sobre ele na imprensa mundial deve ser verdade, pois mesmo parado ou dentro dele o carro é absurdamente bacana. Só falta vir pro Brasil.
Peugeot 208 GTI – Tem tudo para arrancar diversos sorrisos, elogios e emoções, seja na Europa ou no Brasil. Bem acabado e com o elogiado 1.6 THP, junto com a dinâmica sempre bem acertada dos hatches da Peugeot, e temos aí um sucessor a altura da linhagem épica dos GTI franceses, que têm no 205 seu expoente máximo. E, de quebra, é bem construído e muito bonito.
Jaguar XF Sportbreak – Você está indo no caminho certo, Jaguar. Na busca pela salvação das peruas, um bom exemplo de design, motores potentes e dinâmica arrebatadora. Com a benção de Vossa Majestade, ainda por cima.
KTM X-Bow – Uma máquina insana de boas sensações e adrenalina a céu aberto. Para quem tem gasolina nas veias, é perfeito. Com o 2.0 Turbo da Audi de 265 cv levando uma roupagem leve, com uso extenso de fibra de carbono, a simplicidade franciscana do X-Bow é justamente aquilo que ele oferece de melhor, por otimizar seu desempenho com o baixo peso. Assim, ele é uma máquina de expressar felicidades na cara de quem o dirige.
Peugeot 2008 – Ecosport e Duster, tremei. Desde que a Peugeot não cometa nenhum erro crasso, vai arrebatar o mercado, pois é moderno e bonito. Há de se observar, também, a política de preços. Aposto, sem medo de errar, que estamos diante de mais um sucesso de mercado.