Buick V6 | A conturbada história de um glorioso propulsor - Parte 1 de 3
As origens daquele que foi eleito um dos 10 mais importantes motores da história
Já falamos do V8 Rocket da Buick aqui. Como falado anteriormente, o propulsor de 215 polegadas cúbicas de alumínio surgiu de uma pesquisa visando o uso de novos metais para a construção de propulsores. Então, em 1962, a Buick simplesmente retirou um cilindro de cada bancada do V8, trocou o alumínio por ferro fundido e criou o primeiro V6 da marca americana: O V6 Fireball, de 198 pol³ (3,2L).
Devido à forma que sua criação se sucedeu, muitas características singulares são verificadas nesse propulsor inicial. Primeiramente, as bancadas de cilindros estão dispostas a 90°, e não a 60° como habitual em um V6. A ordem de ignição do propulsor também é incomum para um motor de sua classe, com tempos de disparo desiguais. Por fim, não havia uma distância entre os centros de cilindros equivalentes nas diferentes bancadas, devido ao virabrequim com apenas 3 munhões em que se encontravam um par de bielas de cilindros radialmente coincidentes a ele conectado.
O produto de toda essa excentricidade era uma aspereza de funcionamento, que foi descrito por um executivo da AMC como “mais áspero que uma espiga de milho”. Com 92,08mm de diâmetro e 80,96mm de deslocamento, esse motor superquadrado pesava 15 kg a mais que o V8 215, mas era de construção mais barata. Com comando de cames no bloco acionado por varetas (pushrod), o V6 possuia 2 válvulas por cilindro instaladas no cabeçote.
O primeiro veículo a tê-lo disponível em seu ano de lançamento foi o Buick Special, que recebeu elogios da revista Road & Track quanto a desempenho e funcionalidade. Entretanto, já em 1964, o diâmetro e o deslocamento passaram para 95,30mm e 86,04mm respectivamente, elevando o motor a 225 pol³ (3,7L). Disponível entre 1964 e 1967 nos Buick Special e Skylark e em 1964 e 1965 nos Oldsmobile F-85 e Cutlass, o V6 era equipado com um carburador de corpo duplo e chegava os 155 hp brutos.
Em 1967, os executivos da GM preferiram tirar de linha o V6 225, e em seu lugar colocaram o Chevrolet I6 250 pol³. Sim, o mesmo Stovebolt-6 do nosso Opala. Frente a esta situação, os executivos da GM venderam os direitos de fabricação e o ferramental do V6 Fireball para a AMC (a mesma do “áspero como uma espiga”), e esse fabricante instalou-o nos Jeep CJ-5 e CJ-6 ainda em 1966, trocando apenas o volante do motor por um mais pesado para melhor absorção das vibrações.
A AMC utilizou-os até 1971. Entretanto, em 1973, a primeira crise do petróleo causou um alvoroço nas fabricantes americanas visando economia de combustível. Tal quadro era crítico para a GM que dispunha apenas do motor de 140 pol³ (2,3L) do Chevrolet Vega, que era tido como problemático, e do 250 Stovebolt, que tinha uma concepção já antiga. Então, em meados de 1974, os engenheiros da Buick pegaram um modelo Apollo na linha de fabricação e colocaram no compartimento do motor um V6 Fireball que estava largado em um canto sem muita importância.
O que aconteceu depois? Fique atento para a segunda parte da história, na semana que vem!