Coluna Alta Roda – O que fez sucesso em Detroit

Por Fernando Calmon
(Jan 2013) Detroit, MI North American International Auto Show

Salões de automóveis sobem seu astral quando refletem recuperação de vendas e produção. Essa atmosfera positiva marca o Salão de Detroit que se encerra neste domingo. Afinal, o mercado está em franca expansão (13% em 2012), embora as marcas locais, à exceção da Jeep, continuem patinando na preferência do consumidor.

Simbolismo do Corvette Stingray, em sua sétima geração, ajuda a levantar autoestima da Chevrolet. Todo novo, herda características de marcas alemãs como câmbio manual de sete marcas (até agora só no Porsche 911) e distribuição de peso de exatos 50% em cada eixo (ponto de honra da BMW).
(Jan 2013) Detroit, MI North American International Auto Show

No outro extremo, a picape pesada Silverado reformada coloca pressão sobre a arquirrival série F, da Ford. A reação veio da picape conceitual Atlas, visão antecipada da nova F-150, em 2014. Houve comentários de que a empresa ousou na estratégia e talvez se reflita nas vendas do modelo atual.

Leves reestilizações do Grand Chrerokee e Compass, acompanhadas de versões diesel e câmbio automático convencional no lugar do CVT (no final do ano, aqui), continuam a animar a Jeep.

Essa edição do salão está mais atraente para o mercado brasileiro. O SUV-conceito compacto da Honda sobre arquitetura do Fit e a bem-vinda reinvenção estilística do Corolla, batizada pela Toyota de Fúria (interior não exibido), antecipam o que será também produzido aqui, em 2014/15.

Outra novidade está fora do Salão, mas mostrado a jornalistas na véspera do dia de imprensa. Mercedes-Benz CLA, sedã compacto anabolizado com base nos Classes A e B, além de carro mais aerodinâmico do mundo (Cx incrível de 0,22), deverá abrir a produção no Brasil. Falta a empresa alemã bater o martelo, mas Dieter Zetsche, principal executivo mundial, admitiu ser mais viável um acordo com a Nissan, na fábrica em construção de Resende (RJ).
(Jan 2013) Detroit, MI North American International Auto Show
Graças ao previsto crescimento, nos próximos anos, do mercado brasileiro de marcas refinadas, esta edição do salão merece um olhar mais atento. Acura e Infiniti têm novidades: SUV médio MDX e novo sedã Q50, respectivamente. Cadillac, até como reação ao maior número de concorrentes, é considerada marca de importação certa pela GM. E o médio-grande ATS, de tração traseira ou 4x4 e menor Cadillac em dimensões, mostra apelo visual digno dos europeus, o que atrai por aqui.

Entre outras novidades conceituais, destacam-se o Volkswagen Cross Blue e o Hyundai HCD-14. O primeiro, um crossover híbrido diesel de sete lugares (no salão, versão de seis lugares), específico para o mercado local, com preço entre Tiguan e Touareg. O projeto será ainda aperfeiçoado para provável produção ao lado do Passat americano. O segundo é a visão do futuro sedã de topo coreano, Genesis, com portas traseiras “suicidas” à Rolls-Royce. Versão final deve ousar menos.

Balanço positivo do salão não impede constatar, mais uma vez, que fabricantes parecem bem mais empolgados com soluções alternativas do que compradores. Elétricos puros, híbridos e Diesel, tudo somado, representam apenas 3% das vendas totais nos EUA. Embora tenda a crescer, na realidade poucos querem pagar a conta. E, para complicar, motores convencionais têm mostrado queda de consumo de combustível, a preço que todos suportam.

RODA VIVA

COTAS de produtos mexicanos ainda amarram planos de importação. SUV compacto Chevrolet Trax (aqui se chamará Tracker) virá para atrapalhar a vida de EcoSport e Duster, porém falta definir de que forma Sonic será “prejudicado”. Volta da Alfa Romeo ainda está condicionada, pela Fiat, à avaliação de cotas previstas no regime Inovar-Auto. Nada confirmado.

FLUENCE GT, sedã discreto, ao menos faz jus à sigla, ao contrário do Sandero da própria Renault. Motor turbo de dois litros, 180 cv, coloca-se em desempenho entre Peugeot 308 THP e Jetta TSI, na faixa dos R$ 80 mil, mas sem câmbio automático. Bom trabalho de engenharia na suspensão. Faltam coisas simples: um-toque nas alavancas de limpador e setas.

MESMO sem confirmação pela GM, importação do novo Malibu é certa, depois da desistência do Omega. Chevrolet concorrente direto do mexicano Fusion, impostos refletem no seu preço (vem dos EUA, sem isenções). Retoques externos e internos e motor um pouco mais potente agradam, em breve avaliação. Banco traseiro, baixo demais, será mudado até meados do ano.

ENQUANTO a taxa cambial ajudou, alguns modelos nacionais foram competitivos até em países avançados do Hemisfério Norte. Destaque para o Fox, com 305.000 unidades, maior volume já exportado de um automóvel brasileiro para a Europa (2005-2012). Voyage, nos anos 1980, teve 202.000 unidades vendidas nos EUA e Canadá, feito para época.

SAIU lista dos 10 mais vendidos na Europa, em 2012, segundo pesquisa da consultoria inglesa Jato: Golf, Fiesta, Polo, Corsa, Clio, Focus, Astra, Qashqai (Nissan), Mégane e Passat. Crossover da Nissan é o único a nunca aparecer por aqui. Os outros, em diferentes gerações, foram produzidos e/ou importados, nomes familiares aos brasileiros.

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