Marca que nunca esteve presente em um segmento inferior ao de médios, a Toyota trabalha desde já na divulgação do compacto Etios, que chega às lojas em setembro nas versões hatch e sedã. O primeiro passo é o “Etios Connection” evento itinerante que até o próximo dia 12 estará nos Shopping Morumbi (São Paulo) e Barra Shopping (Rio de Janeiro). Foi lá que estivemos hoje à convite da Toyota para conferir de perto os predicados do Etios.

Antes de conhecer o Etios, aguardamos numa antessala onde estavam presentes o Toyota 86, esportivo da marca desenvolvido em conjunto com a Subaru e já vendido em diversos países, o Prius, conhecido híbrido da Toyota que será lançado neste semestre, além de uma unidade de corrida do Etios. A presença do 86 e do Prius passa a boa impressão de que a marca está tentando ajustar seu perfil no Brasil.

O fato é que os japoneses nunca olharam tão bem para o Brasil como agora. Com uma economia relativamente estável e promissora, se comparada a outros mercados, o Brasil parece ter amolecido o coração dos japoneses. Se no panorama atual, seus clientes têm geralmente mais de 45 anos, com o Etios ela passará a ter clientes que estão em busca de um primeiro automóvel. Essa mudança pode impulsionar outros lançamentos importantes. Com a devida isenção de impostos, o Prius poderá fazer frente ao mercado dos carros ecológicos, enquanto o 86 faria a cabeça de entusiastas e fãs de esportivos… Como nós!

Sem mais delongas. Acompanhe nossas primeiras impressões do Etios.

Um japonês que pensa grande

O Etios foi pensado para mercados emergentes. Não é à toa que foi projetado para economizar nos mínimos detalhes: o design com linhas retas e o painel centralizado (para diminuir custos na montagem em países com mão inglesa) são bons exemplos disso. Entretanto, tanto a versão hatch como a sedã foram construídas para que houvesse o maior aproveitamento possível de espaço, e talvez seja este um dos grandes trunfos do Etios.

O motorista se sente acolhido no habitáculo. O console é levemente inclinado para a esquerda, proporcionando boa ergonomia. O rádio double-DIN proporciona um manuseio mais fácil, em razão dos botões organizados e mais espaçados. Destaque, também, para a entrada USB, que faz falta em concorrentes do Etios. As saída de ar centrais, embora em posição incomum, parecem ser capazes de fazer um bom trabalho.

Mesmo com o princípio low-cost, o hatch japonês desenvolvido na Índia tem gentilezas que não se encontram nos modelos de sua categoria, como o porta-luvas refrigerado, permitindo o armazenamento de substâncias facilmente perecíveis ao calor, como chocolates. Mas, sim, ao abrir ele a tendência é que a tampa caia sobre seu joelho, mas se o carro não estiver com a 5° engatada haverá espaço para abrir as pernas, mesmo se o banco estiver totalmente para frente.
Outro destaque, desta vez mais direcionado ao espaço da carroceria, é o túnel central baixo, praticamente inexistente, que facilita a vida do terceiro ocupante, que geralmente sofre em grandes percursos, o que não deve ocorrer com a solução do Etios. Uma pena ele não ter direito a um encosto de cabeça.

Os bancos em geral são bem confortáveis, e não lembram os da concorrência. O banco traseiro é elogiável, e foi projetado justamente para acomodar três ocupantes com espaço. Mesmo com motoristas altos, é possível obter um espaço razoável no banco traseiro e, dependendo do caso, é possível até dobrar as pernas.

Ainda no interior, uma das surpresas foi o acabamento. Sua qualidade não é ruim, e chega a ser agradável ao tato, principalmente na parte superior do painel. Nas versões mais caras, os aros das saídas de ar são cromadas, e as portas recebem um pequeno revestimento de tecido para agradar os cotovelos. A única parte que deixa desejar são os comandos de ar-condicionado, que parecem ser frágeis. Como são unidades de pré-montagem, vamos aguardar para conferir se a impressão será mantida. Esses comandos também mudam na versão mais cara, ganhando acabamento que imita aço escovado. Vale ressaltar que o volante permite boa empunhadura e possui regulagem em altura – o que não há para o assento do motorista.

O porta-luvas é amplo, com capacidade total de 13 litros. Ainda sobre dimensões, o porta-malas do hatch comporta 263 litros, e o do sedan, 562 litros (contrariando algumas informações de revistas de que seriam 595). Desta forma, o Etios perde por um litro para o líder da categoria, o Cobalt, com 563 litros. Mesmo assim, o espaço é elogiável de qualquer forma.

O design é o calcanhar-de-Aquiles do carro. Nossa impressão foi positiva ao vivo – mais até do que pensávamos -, mas foi difícil não se lembrar do Logan, principalmente de frente. O hatch é mais original, com uma traseira atraente desde a versão de entrada. A versão mais cara, a 1.5, virá com uma faixa cromada no porta-malas, como no modelo indiano, e terá a abertura do porta-malas através de um botão, e não com chave, como ocorre na versão 1.3. O sistema lembra o logo Push da Fiat, só que não está ligado ao logotipo na carroceria. A traseira do sedã também trás uma boa impressão, com uma lanterna ligeiramente triangular que invade levemente a lateral.

O Etios promete investir em seu lado jovial nas campanhas de divulgação, atraindo justamente o público jovem. Não é à toa que investirá em cores diferenciadas como um azul forte e um verde-limão. Haverá também diferentes personalizações para o hatch, como nos concorrentes da Fiat e Nissan. Serão oferecidos diferentes adesivos, que vão desde faixas no capô e teto até adesivos de origamis e samurais na lateral, reforçando a imagem nipônica dos veículos.

Produzido em Sorocaba (SP), o Etios custará entre R$ 35.000 (hatch básico) e R$ 48.000 (sedã completo). Eles terão freios ABS, airbag duplo e direção elétrica de série e 3 anos de garantia. Entretanto, equipamentos cruciais como ar-condicionado são opcionais. O preço assustou quem – como nós – tomava como base a estimativa de que seus preços partiriam de cerca de R$ 30 mil. Na dada faixa de preço, o Etios também terá pela frente embates com modelos como J3, Sandero e Agile, considerando que ele não possui versão 1.0. Com os R$ 48.000 do sedã completo, é possível comprar um Sonic Sedan, de uma categoria superior.

A fábrica paulista prevê que 70.000 unidades sejam produzidas por ano. A efeito de comparação, 99 mil modelos da Toyota foram vendidos aqui em 2011, o que mostra a ousadia projeto, que aumentaria em quase 70% as vendas da marca como um todo. Espera-se que até 2020 essa produção seja ampliada para 200.000, com 6 modelos derivados do hatch, mas a marca não confirmou os dados até agora.

Em suma, o Etios nos deu uma ótima impressão, e mudou nossa opinião ao vivo. Os próprios funcionários da marca admitem que o carro não é fotogênico. Espera-se que, com a comercialização do veículo, essa estranheza caia com o tempo. Seu problema, entretanto, tem nome: Hyundai HB20. Com o design inegavelmente marcante da escultura fluída da Hyundai, ele deverá vir mais barato e mais equipado que o Etios e, de quebra, com 5 anos de garantia e com a imagem que a Hyundai já conseguiu consolidar no país. Será uma briga e tanto.

Motores

A Toyota guardava a sete chaves os números dos motores do Etios. Mas ontem, na abertura do Etios Connection em São Paulo, deixaram o manual no porta-luvas e colegas conseguiram as informações técnicas.

Etios 1.3
- Com gasolina: 84 cavalos de potência a 5.600 rpm e 11,9 kgfm de torque a 3.100 rpm.
- Com etanol: 90 cavalos de potência a 5.600 rpm e 12,7 kgfm de torque a 3.100 rpm.

Etios 1.5
- Com gasolina: 92 cavalos de potência a 3.600 rpm e 13,9 kgfm de torque a 3.100 rpm.
- Com etanol: 96,5 cavalos de potência a 3.600 rpm e 13,9 kgfm de torque a 3.100 rpm.

Sempre câmbio manual de 5 marchas – que por sinal é justinho e tem engates curtos.

Via | Uol

O Etios Connection ainda terá mais 11 paradas, confira:

Galeria

Detalhes e fotos efêmeras dos Toyota Prius e 86, além de uma versão preparada do Etios para a Etios Racing, que ocorre na Índia.

Fotos | Henrique Rodriguez e Johanns Lopes