Avaliação - Nissan Versa SL é uma boa escolha entre os sedãs compactos
O Nissan Versa é o sedã compacto da Nissan no Brasil, mesmo que suas dimensões permitam dizer que ele é quase um médio – são 4,45 m de comprimento, 1,69 m largura, 1,50 m de altura e 2,60 m de entre-eixos (como um Corolla). Leve, com bom espaço interno e sempre equipado com motor 1.6 16v que trabalha muito bem em parceria com um câmbio manual de cinco marchas, o Versa vem conquistando bons resultados em vendas, que poderiam ser melhores caso trouxessem mais carros para o Brasil; as filas de espera passam de dois meses dependendo de versão e cor, prazo que com a redução do IPI se tornou comum no mercado.
Rodamos pouco mais de 400 km com um Versa SL, versão topo de linha do sedã (R$ 41.290) que é também a mais vendida – responde por 46% das vendas. É a única dotada de freios ABS, faróis de neblina e do quadro de instrumentos Fine Vision, e ainda conta com airbag duplo, trio elétrico, alarme, direção elétrica, computador de bordo, rodas de liga leve aro 15”, ar-condicionado, CD Player com RDS, MP3, iPod e entrada auxiliar e maçanetas cromadas.
Apesar de ser bem servido de equipamentos, o Versa SL não se vale apenas disso. Se seu design não é impactante, ao menos garante que suas dimensões sejam convertidas em espaço para os passageiros e suas eventuais bagagens. O caimento acentuado do teto compromete o espaço para a cabeça de quem vai atrás, caso este tenha mais de 1,80 m. Por outro lado, como os bancos dianteiros são curtos – assim como o traseiro – e tem encosto fino, sobra muito espaço para as pernas, mesmo que o assento dianteiro esteja em seu final de curso. O terceiro ocupante tem espaço, cinto de três pontos, mas não um encosto de cabeça – algo um tanto curioso, ao meu ver.
Curiosamente, no Brasil o Versa usa praticamente o mesmo painel do March, com saídas de ar redondas que faz lembrar os olhos Baby Sauro, e o rádio double-din completa sua face. O usado nas unidades norte-americanas, com saída quadradas, me parece mais adequado ao perfil de cliente do Versa. O console entre os bancos, no entanto, é diferente, mais longo e com três porta-copos. Nele também está a tomada de 12V e o conector para iPod, ambos ao lado da alavanca de freio de estacionamento, lugar um pouco inadequado.
Mas até que o acabamento interno é bom, até superior ao da minivan Livina. Apesar dos plásticos serem simples, como em qualquer carro de seu segmento, os encaixes são bem feitos e não notei rebarbas. As portas tem um pedaço de tecido e as maçanetas cromadas, embora isso só combine com o logotipo da Nissan no volante e com os aros dos instrumentos. O quadro de instrumentos Fine Vision é um ponto forte. Ele é bonito, está sempre iluminado e tem grafismos de visualização exemplar, além de combinar com o perfil do sedã, ao contrário do que é visto nas outras versões, que usam o do March.
No Versa a sensação não é a de estar em um sedã de boas proporções, e isso se dá por uma série de fatores e sensações que o carro transmite ao motorista. Aliás, a sensação não é muito diferente da de estar ao volante de um March 1.6, exceto pelo maior conforto proporcionado pelo sedã.
É sentado ao volante (este com regulagem em altura, assim como o banco) que se percebe que o por ser alto (1,51 m) a visibilidade garantida pela área envidraçada é boa, até mesmo a traseira, quando não há passageiros. Os retrovisores externos mais largos dão conta do recado, mas sensores de aproximação traseiros cairiam muito bem, mas são opcionais de concessionária.
O motor garante este bom rendimento é o 1.6 16v flex com bloco de alumínio e comando variável de válvulas na admissão, que gera 111cv de potência a 5600 rpm (etanol/gasolina) e 15,1kgfm de torque a 4.000 rpm (etanol/gasolina). Como só precisa dar conta de 1.069 Kg, já se mostra bastante eficiente já a partir dos 2000 rpm, e seu o melhor consumo instantâneo se dá ao redor dos 3000 rpm. Consegui média de 8,3 km/l com álcool em ciclo urbano, o que é bom para um carro com taxa de compressão um tanto baixa para os padrões de carros flex (9,8:1).
Embora as relações de marcha sejam mais longas, o motor está sempre bem disposto. É fácil chegar aos 100 km/h, e também rápido; em 11 segundos segundo a fabricante, tanto quanto um médio 2.0. O March cumpre o mesmo em menos de 10s. A direção elétrica é direta, e ao mesmo tempo leve, como no March, demonstrando acerto voltado ao uso urbano. No entanto, como o entreeixos é 15 cm mais longo, o efeito dos movimentos é mais suave. Na hora de parar, freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD) se mostraram bastante eficientes e progressivos.
A suspensão dianteira, independente do tipo McPherson é bastante firme e transmite parte das irregularidades do piso, enquanto a traseira, por eixo de torção e com molas helicoidais é macia, e suscetível a qualquer peso sobre seu eixo. Por isso não é muito interessante tomar uma curva muito empolgado. Apesar da velocidade máxima declarada ser de 189 km/h, a partir dos 120 km/h o baixo peso de sua carroceira, a suspensão macia e a direção passam a impressão de o carro estar flutuando. Característica também de outros sedãs.
Mas, no fim das contas tudo joga a favor do Versa. Ele convence pelo bom espaço interno, o motor é bastante adequado à proposta e mais equipado do que qualquer outro concorrente desta faixa de preço. E nem é 1.4!
Ficha Técnica
Nissan Versa SL
- Arquitetura: Sedan , 4 portas, 5 lugares
- Suspensão dianteira: Independente tipo McPherson com barra estabilizadora
- Suspensão traseira: Eixo de torção com barra estabilizadora e molas helicoidais
- Freios dianteiros: Discos ventilados (260 mm de diâmetro)
- Freios traseiros: Tambores (203 mm de diâmetro)
- Rodas: Liga leve, 15”
- Pneus: 185/65 R15
- Direção: Elétrica com assistência variável e diâmetro de giro de 10,6m
- Comprimento: 4.455 mm
- Largura: 1.695 mm
- Altura: 1.514 mm
- Entre-eixos: 2.600 mm
- Porta-malas: 460 litros
- Capacidade do Tanque de combustível: 41 litros
- Peso em ordem de marcha: 1.069 Kg
Motor
- Cilindrada e Cilindros: 1.598 cm³, 4 cilindros e acelerador eletrônico
- Válvulas: 16 válvulas
- Sistema de injeção: Eletrônica Multiponto Sequencial
- Combustível: bi-combustível (etanol/gasolina)
- Potência Máxima: 111 cv @ 5.600 rpm (etanol / gasolina)
- Torque Máximo: 15,1 kgfm @ 4.000 rpm (etanol / gasolina)
- Transmissão: Manual, 5 marchas
- Tração: Tração dianteira
Fotos | Henrique Rodriguez