SsangYong Korando: em busca de um lugar ao sol
Com pouco tempo de mercado e bons atributos, Korando se mostra boa opção entre os SUV
Por Douglas Lemos
A 4ª geração do Ssangyong Korando impressiona. O design, obra do renomado estúdio italiano Giugiaro, sequer lembra em algum canto alguma das outras gerações do Sport Utility Vehicle (SUV). Por onde passa, o utilitário arranca olhares de admiração. É como se fosse um desfile, em que o Korando é a atração principal. Quem está dentro do veículo parece estar em plena passarela e, só de olhar pra fora, já se nota a plateia torcendo o pescoço para acompanhar cada passo do charmoso modelo coreano.
Convenhamos: o motivo de tanta atenção pode, além do belo design, também se estender aos – nada discretos - adesivos de teste-drive na cor verde, contrastando com o vermelho da carroceria. Cor que, por sinal, gerou muita desconfiança de quem o via. Por onde passei, não vi quem não dissesse que tinha gostado desse “laranja”. Tudo bem, eu concordo. Até porque o tom realmente parece ser mais um laranja ao vermelho constado no documento.
O centro das atenções
Custando a partir de R$ 89.900, o modelo pode chegar a custar R$ 119.900 a versão avaliada foi a intermediária GL automática, que custa R$ 102.900 e oferece bons itens de conforto e conveniência. Mas nota-se, aos poucos, a falta de alguns destes itens. As principais ausências se dão pela falta de sensores de estacionamento, sensores crepusculares e de chuva. A abertura do porta-malas por acionamento elétrico, tanto na chave, quanto no painel, também não faria mal ao coreano.
Por onde passou, o Korando foi o centro das atenções. Olhares de admiração, desconfiados e surpresos acompanharam o SUV. Fui questionado sobre o carro por públicos de diversas faixas etárias: de crianças de 8 anos – que, no auge dos meus 20 anos, me chamaram de tio – à senhores de 60 que perguntaram sobre o desempenho, conforto ao rodar, acabamento interno, equipamentos e preço. Ao final dos questionamentos, perguntava se eles conheciam a marca ou já tinham visto o modelo. Poucos conheciam a marca e, somente uma pessoa disse ter visto um Korando transitando pelas ruas de Brasília.
Interior
Ao entrar no carro, já se nota que o belo design se estende também ao habitáculo. O painel é bonito e os materiais utilizados são de boa qualidade. Não existem rebarbas, encaixes mal feitos ou qualquer outro fator prejudicial ao acabamento interno, que é excelente. o volante é forrado em couro e com comandos do controle de som e botões do modo sequencial do câmbio. Mas, por outro lado, tem seu aro bastante fino. Os bancos de couro não fazem parte desta versão. São oferecidos como acessório pela concessionária. O sistema de navegação, com touch screen, também não é original do veículo e foi instalado à parte.
O espaço interno impressiona. Com o banco dianteiro regulado para meus 1,72 metros, os passageiros de trás andaram com bastante folga. Quatro pessoas viajam com tranquilidade extrema. Com o 5º passageiro o conforto diminui, mas nada drástico. Pode-se fazer uma viagem bem confortável com cinco passageiros. Mas, analisando melhor, notei a ausência de alguns itens de conforto. Um dos principais, é a ausência da função one touch em todos os vidros. Esta, só está presente na janela do motorista e apenas ao descer. O meu pequeno – comparado à este – Idea tem esta função nos quatro vidros e, por mais que pareça banal, ajuda bastante: com esta função o motorista mantém a mão esquerda longe do volante por menos tempo. Os bancos são bastante confortáveis e abraçam muito bem o condutor nas curvas.
Outro fator à ser elogiado no habitáculo do veículo, é a quantidade de porta-trecos. São dois porta-copos ao lado do freio do mão e uma gaveta com pouco mais de 10 cm de profundidade abaixo do apoia-braço central. Nesta, ainda há uma bandeja de menor profundidade – que pode ser retirada – e que ocupa metade do espaço do porta-trecos. Ainda há mais um à frente do câmbio e duas gavetas, uma pequena abaixo dos comandos do ar-condicionado e outra no topo do painel, ao centro.
O porta-malas apresenta bom espaço (são 486 litros, segundo a importadora), e pode ser ampliado com o rebatimento dos bancos. Os aparatos para uma troca de pneu se encontram logo abaixo de uma capa – que fica acima do estepe – bem divididos em espécies de compartimentos. Isso evita que se ouça o deslocamento destes objetos ao fazer uma curva. Dentro do porta-malas, algo me chamou atenção: a ausência de uma luz de iluminação.
A ergonomia é muito boa. Os comandos estão à mão e são de fácil entendimento. No volante, existem os comandos do som para regulagem de volume e troca de faixas, além da escolha do modo do sistema multimídia, que por sua vez dispõe de GPS, Rádio AM/FM, CD/MP3 Player e conexão USB e para Ipod. Os comandos dos limpadores do para-brisa, acendimento dos faróis e seta estão bem à mão. Além destes, ainda há a haste do Cruise Control (controle que mantém uma velocidade constante, vulgo “piloto automático”) e do modo econômico, encontrada à direita e abaixo. Esta, de fácil manuseio e boa localização: não precisa tirar a mão do volante para procurá-la.
O painel apresenta iluminação ambar, de bom gosto e de fácil leitura. A iluminação tem a intensidade certa e não agride os olhos ao dirigir à noite. O indicador de marchas só entra em ação quando o câmbio é colocado na posição sequencial.
Ao rodar
O desempenho é bem satisfatório. O motor 2.0 16v de 175 cavalos é bom e responde bem. Mas o câmbio automático parece demorar a entender o recado passado pelo acelerador. Em arrancadas, o Korando apresenta uma certa demora para obedecer. Partindo da imobilidade, o motor parece se arrastar, e só deslancha a partir dos 2 mil RPM quando então ganha velocidade. O SUV é mais feroz a partir da segunda marcha. Em retomadas, o câmbio parece procurar a marcha certa para, então, começar o ganho de velocidade. No geral, o desempenho é bom, mas as arrancadas de emergência devem ser evitadas. Nelas, o Korando permanece extremamente sonolento. O motor, apesar de ser movido à Diesel, transmite pouco barulho para o habitáculo e vibra pouco quando parado. Benditos coxins.
Apesar de pensar muitas vezes antes de agir, o câmbio automático dá um conforto sem tamanho ao veículo. Encarar o trânsito das grandes cidades tem ficado cada vez mais estressante. Não para quem está à bordo do Korando. O câmbio do coreano ainda trás a opção sequencial. As trocas podem ser realizadas em dois botões no volante, ou em uma aba ao lado esquerdo da alavanca de câmbio: empurrando para frente segue para a marcha seguinte, para trás uma marcha abaixo. Mas, mesmo assim, as trocas continuam lentas.
Calçado com rodas de 18” e pneus Nexen 225/55, em conjunto com a suspensão com uma calibragem muito equilibrada, o Korando roda macio. É impressionante a capacidade de absorção de impactos. A suspensão filtra as irregularidades sem tirar o conforto do carro. É como se estivesse rodando em um asfalto normal, com apenas algumas ranhuras que transmitem ruídos para a carroceria. Ruídos que, por sinal, são poucos. Tanto do asfalto, quanto do motor. O isolamento acústico é de extrema qualidade e filtra bem os ruídos do motor e do asfalto. Apenas o necessário chega ao habitáculo.
Testado na cidade, também encarei um trecho de cerca de 400 metros (ida e volta) fora do asfalto. O trecho continha estrada de chão, pedras, muita poeira, buracos e valas inacessíveis pra um carro de passeio normal. Mas o Korando tirou de letra. Dentro do carro, sentí apenas a inclinação da carroceria. A suspensão muito bem acertada concluiu sua tarefa com rigor e passou pelo caminho com muita tranquilidade e conforto.
Em perímetro urbano e com o ar-condicionado ligado em 90% do tempo, o Korando mostrou vigor e também economia: o consumo apontado pelo computador de bordo foi de 10.5 km/l. Vale, também, ressaltar que as unidades de medida do computador de bordo do veículo seguem o gosto europeu de medida (litros/100 km).
Veredicto
O Korando, sem dúvidas é uma excelente compra. Para quem procura um SUV bonito, confortável, bem acabado e com bom desempenho, o SsangYong se encaixa na proposta e mostra ser uma compra válida. Com um marketing agressivo e lotes de importação em maiores quantidades, seria sem dúvida, uma pedra no sapato de outros SUV da mesma faixa de preço, como o Chevrolet Captiva e o Honda CR-V. Aprovado por Novidades Automotivas, o coreano pode ser a peça chave no crescimento da marca no país.
Fotos | Douglas Lemos
* Agradecimentos ao Grupo Naju pelo empréstimo da unidade avaliada
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