Perspectivas 2012 – O que esperar para o ano novo no mercado automotivo

Por Stephan Keese
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Mais uma vez, um ano está chegando ao fim. Parece que foi ontem que começamos 2011 com grandes expectativas por mais um ano recorde para a indústria automotiva. Olhando para trás, com o ano praticamente concluído, certamente podemos dizer que estas esperanças foram plenamente preenchidas. 2011 provou-se um ano sensacional, com quebra de recordes de produção e vendas e ainda com a chegada de novos e atraentes modelos globais ao Brasil, criando uma confusão para a maioria dos consumidores com a explosão da oferta competitiva de modelos atraentes.

Tanta coisa em 2011, mas como é que será 2012? Essa é uma boa pergunta. A incerteza fundamental que se coloca neste contexto é a forma como a economia mundial e brasileira irá se desenvolver. E, com certeza, esta é uma questão para a qual eu não tenho resposta. Vamos supor, por um momento, que nem os mercados financeiros, governos ou economias de EUA, Europa ou China entrarão em colapso em uma grande bola de fogo. Vamos supor que as grandes eleições de 2012 (quase todos os grandes da economia global terão eleições nos próximos 12 meses) não mudarão o rumo da economia global.

Com estas premissas fundamentais, acredito que é seguro prever mais um ano atraente para a economia brasileira e para a indústria automotiva. Os consumidores continuam satisfeitos em comprar novos modelos oferecidos por uma gama crescente de marcas. Várias novas marcas estão se instalando ou se preparando para (re-)começar no Brasil, que vão desde as marcas japonesas, como Lexus e Mazda, até novas marcas chinesas, como a Great Wall e Geely. Marcas estabelecidas estão renovando o portfólio de produtos, lançando novos modelos como os novos Fiat Siena, Chevrolet Sonic e Spark, Ford Focus ou Volkswagen Beetle e Gol (nova geração). Ao mesmo tempo, os "recém-chegados" ao Brasil estão lutando para ganhar participação no mercado através da introdução de novos modelos, incluindo a Hyundai e seu i30 e o modelo de entrada i15, o Etios, desafio da Toyota para Gol e Uno, ou ainda o novo Peugeot 308, só para citar alguns exemplos.

Com certeza, 2012 continuará a ser altamente interessante para o consumidor com diversas opções de veículos para escolher. A crescente localização também deve ajudar a tornar os preços dos produtos mais atraentes. Enquanto as novas barreiras de importação, especialmente o aumento do IPI, tornarão os veículos importados até 35% mais caros, mais e mais veículos sairão das linhas de produção locais. Duas novas grandes fábricas (Hyundai e Toyota) começarão a produzir em 2012 e a preparação para várias outras novas plantas (FIAT, Volkswagen, Nissan e até mesmo BMW) está avançando.

O aumento do número de modelos e da localização aumentará a pressão sobre os preços ao consumidor, à medida que as marcas lutarão por market share e tentarão superar uns aos outros com melhores equipamentos e preços mais atraentes. Dessa forma, a indústria terá que se acostumar com um ambiente mais competitivo, com crescente pressão sobre margens e rentabilidade. Maiores ganhos de produtividade são obrigação para montadoras e maiores investimentos em automação são necessários para compensar a inflação.

Para as concessionárias, o processo de vendas e pós-vendas lentamente continuará a se tornar mais profissional, assim como o número de grandes grupos continuará a se consolidar e as marcas investirão mais e mais em showrooms espetaculares e processos de vendas profissionais. Além de mais opções, o consumidor também se divertirá ao comprar um carro.

Alguns podem dizer então que 2012 será parecido com 2011. À primeira vista, eu tendo a concordar, à medida em que muitas das tendências iniciadas neste ano continuarão durante todo o ano que vem. Em um segundo olhar mais profundo, 2011 iniciou uma mudança de paradigma na indústria automobilística brasileira, uma mudança que só irá aumentar em 2012. Ser uma montadora no Brasil vai se tornar mais difícil, enquanto comprar um carro no Brasil vai se tornar mais divertido.

Stephan Keese é sócio responsável para o segmento automotivo da Roland Berger Strategy Consultants

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