Coluna Alta Roda–Repensar o futuro

Por Fernando Calmon

100_6700

O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, que se encerra no domingo dia 7, entrará para a história como um dos mais importantes de toda a série de 50 anos em termos de atrações para o público. Mesmo sem lançamentos de impacto, a exposição focou na diversidade de modelos (de R$ 23.000,00, do subcompacto Chery QQ, aos R$ 10 milhões, do superesportivo Pagani Zonda R), na internacionalização do mercado (nove marchas chinesas e uma indiana) e nas tecnologias alternativas (híbridos e elétricos). Destacou a criatividade do estilo brasileiro (do conceitual Fiat Mio ao esportivo de ponta Rossin-Bertin Vorax) e modelos que vieram diretamente do Salão de Paris (os VWs Passat e Jetta, o carro-conceito Peugeot HR1, para citar alguns).

De modo geral, os salões perderam ao longo dos anos seu impacto na revelação de novidades. Em plena era da informação instantânea, torna-se difícil esconder um segredo e os fabricantes costumam se antecipar. No entanto, a reação do público é fundamental para aceitação de ideias ou acelerar tendências. Sem falar nos carros de sonho que, frequentemente, escapam da função apenas institucional e se transformam em realidade, com pequenas mudanças.

Os 31 lançamentos de produtos chineses voltaram a suscitar dúvidas se o comprador brasileiro está pronto a decidir apenas pelo fator preço. A consultora Letícia Costa opina ser difícil a essa brigada ir além de 3% de participação nas vendas totais. Porém, Marcos Munhoz, da GM, sugere o retorno de uma câmara setorial a fim de que a toda a cadeia produtiva e governo discutam a queda de competitividade. Há que se repensar o futuro. O imposto de importação de 35%, anulado em boa parte pela valorização do real, é insuficiente para equilibrar o desastroso custo Brasil.

100_6634

Por outro lado, japoneses fogem de sua moeda forte para produzir aqui: Toyota, Mitsubishi e agora Suzuki. Mas, sul-coreanos da Hyundai e chineses da Chery terão também fábricas brasileiras. A Kia entendeu a importância do mercado nacional e, pela primeira vez, desenvolveu um motor flexível (Soul 1,6 l) antes de ter base industrial no País. A inglesa Bentley e a sueca Koenigsegg também oferecem motores desse tipo.

Produtores de etanol investiram com firmeza neste salão, em um estande interativo de 400 m², para se aproximar do público e destacar as vantagens ambientais do combustível. Afinal, alternativas híbridas e elétricas continuam nas manchetes, embora fora da nossa realidade. O primeiro híbrido pleno a chegar, o Ford Fusion, mesmo sem imposto de importação (vem do México), custará R$ 134.000,00, 50% a mais do que a versão de quatro cilindros. Um elétrico a bateria, como o Nissan Leaf, iria a R$ 200.000,00. Não há subsídio que resolva tão cedo esse abismo de preço.

Outra novidade do salão: a Volvo antecipou serviços existentes apenas nos grandes mercados. O sistema On Call, via GPS, de múltiplas funções, começou na Europa em 2001. Permite localização e bloqueio em caso de roubo, destravar portas a distância e assistência emergencial por um botão SOS. O motorista pode acioná-lo em caso de pane ou acidente, porém o alarme é automático se algum airbag inflar. A telemática chegou para ficar e se expandir.

RODA VIVA

QUEM quisesse dar uma olhada nos traços gerais do futuro Toyota compacto brasileiro, bastava tocar em algumas telas de monitores no estande da marca no Salão do Automóvel. Nada de muito revelador, salvo o pormenor: confirmação do quadro de instrumentos no meio da parte superior do painel. Solução racional em mercados de direção à direita ou à esquerda.

100_5968

COMPACTO March que a Nissan importará do México, no primeiro semestre de 2011, visa o combate direto ao Gol, líder no País desde 1987. Modelo mostrado na exposição do Anhembi veio da Tailândia. O acabamento, no entanto, terá de melhorar bem por melhor que seja o preço. A marca será a primeira entre as japonesas nesse nível de entrada do mercado.

FIAT confia que europeus se renderão aos poucos ao câmbio manual automatizado de dupla embreagem. Trocas de marchas são super-rápidas e ajuda a economizar combustível. Preço é inferior aos automáticos modernos, com tendência a cair. FPT, que cuida de motores e câmbios, optou pelo sistema a seco, deixando de lado o de banho de óleo.

VENDAS de carros de alto preço despertam a cobiça de vários importadores. E há razão para isso. Pesquisa de uma das marcas premium aponta que 100.000 brasileiros possuem aplicações financeiras de mais de US$ 1 milhão, independentemente de patrimônio imobiliário ou renda mensal. O crescimento permanecerá acima do mercado geral por vários anos.

TERCEIRO Seminário Denatran de Educação e Segurança no Trânsito se realizará em Brasília, nos dias 23 e 24 de novembro. O tema central vem na hora certa: “Cinto de segurança e cadeirinha”. Assunto relativamente novo no Brasil, ganhou relevância graças à obrigatoriedade regulamentada pelo Contran. Das palestras e debates podem sair novidades.

Foto_F._Calmon_17_m_dia_3_[3][3][3][3][5]Sobre o Autor:
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Novidades Automotivas e em uma rede nacional de 80 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site just-auto (Inglaterra).

Powered by Blogger | Visual por Newwpthemes | Convertido por BloggerTheme