Coluna Alta Roda – Cenário de bonança

Por Fernando Calmon

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As vendas do mercado brasileiro de veículos têm feito vários analistas se debruçar sobre as razões que levaram aos números tão bons dos últimos anos e, principalmente, estimar o crescimento futuro. Afinal, o Brasil vai terminar o ano de 2010 como o quarto maior mercado mundial de automóveis e veículos comerciais (leves e pesados), posição que ocupará pela primeira vez, atrás somente de China, EUA e Japão.

As três variáveis principais que sustentam um mercado são preço, renda e crédito. O item mais aparente é o preço e sobre isso há discussões intermináveis, quando se considera apenas o valor nominal sem as devidas correções pela inflação. As dúvidas vêm de longo tempo. Dos arquivos da coluna foi resgatada uma tabela de junho de 1975 que demonstra a evolução de preços correntes (em cruzeiros) do carro mais barato, o Fusca, e o valor do salário mínimo (SM), entre 1964 e 1975.

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Comparando valores nominais, um Fusca custava 100 salários mínimos em 1964. Depois de 11 anos o preço tinha baixado para 51 SMs, combinação de uma queda de 32% no preço e aumento de 33% no SM, ambos deflacionados pelo índice da FGV no período. Pelos valores atuais, apenas como curiosidade, pois não reflete toda a realidade, projetando o SM para janeiro próximo em R$ 560,00 e preço praticado de R$ 22.500,00, o Mille custaria 40 SMs.

Um estudo recente do Banco Santander aprofundou os cálculos. Tiveram por base a primeira Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, em 2002-03, comparada à de 2008-2009, além da variação de preços pelo IPCA, da renda domiciliar per capita e da taxa de juros até agosto de 2010.

Em resumo, no intervalo de sete anos: preço do modelo de entrada (“popular”) subiu 12% e o IPCA, 44%, ou seja, diminuiu 23% em termos reais; aumento de 50% na renda média por domicílio; taxa de juros caiu de 3,2% para 1,8% ao mês; prazo máximo foi de 66 para 72 meses; parcela do financiamento baixou 26%. A conclusão da autora, Luíza Rodrigues, feitos os cruzamentos de dados, é de que “cerca de sete milhões de domicílios ainda não têm automóvel, mas têm capacidade financeira para isso. Assim, entendemos que o mercado de automóveis deve continuar aquecido ao longo dos próximos anos”.

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A economista do banco fez outro cálculo, a pedido da coluna, considerando o preço do automóvel “popular” em julho de 1994, quando começou o Plano Real e a salvadora estabilização da economia brasileira, comparado a 2010. Os modelos da época, inferiores aos atuais em segurança, emissões e equipamentos, custavam R$ 6.120,00 e, hoje, começam em R$ 22.500,00. No entanto, eram necessários 33 salários médios domiciliares em 1994 e agora apenas 16.

Fácil de concluir dessa forma porque serão vendidos este ano 3,4 milhões de veículos (cerca de 80% de automóveis de passageiros e suas variações, sem picapes), enquanto em 2003 foram apenas 1,43 milhão, crescimento de quase 140%. Se continuar esse cenário de bonança, as previsões entre 4,5 e 5 milhões de unidades/ano até 2015 terão tudo para se transformar em realidade. E nesse caso o País subiria para terceiro na classificação mundial de vendas, dependendo da recuperação da Rússia e o avanço da Índia.

RODA VIVA

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PEUGEOT 3008 insere a marca francesa no mundo dos crossovers. Misto de monovolume e station recebeu toques de estilo de utilitário esporte. Espaço interno é muito bom e o acesso ao compartimento de bagagem, especialmente prático, pois a tampa traseira divide-se em duas partes. Preço vai de R$ 80.000,00 a R$ 87.000,00, alargando a gama de concorrentes.

APESAR do peso em ordem de marcha em torno dos 1.500 kg, o 3008 mostra comportamento dinâmico surpreendente. Graças ao motor (origem BMW, fabricado na França) de 1,6 l/duplo comando, 16 válvulas, injeção direta e turbo, com 156 cv a 6.000 rpm e 24 kgf.m de torque a impensáveis 1.400 rpm. Controle de inclinação da carroceria traz boas sensações em curvas.

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PARA efeito de demonstração a Honda apresentou a jornalistas o hatch Insight e o cupê compacto CR-Z, ambos híbridos plenos na configuração paralela. Em situações particulares o motor elétrico pode impulsionar sozinho o veículo por tempo curto, de acordo com a carga da bateria. Se decidir importar, a fábrica deve eleger o Fit híbrido, primeiro compacto desse tipo.

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas fez uma mudança na NBR 15759 que trata de correias sincronizadoras. Antes recomendava a troca simultânea de correia, tensionador e polia. Agora, sugere que só em caso de anormalidade nesses itens o mecânico faça a substituição, observadas as recomendações do fabricante do veículo. Nada de troca preventiva.

CONSELHO de segurança de transportes (NTSB, na sigla em inglês) dos EUA, recomendou aos fabricantes que nos futuros modelos considerem a realidade dos motoristas idosos. No país há 32 milhões de pessoas com mais de 65 anos com habilitação para dirigir. Até 2025 o percentual dos veteranos ao volante passará de 15% para 20% do total de motoristas.

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Sobre o Autor:
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Novidades Automotivas e em uma rede nacional de 80 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site just-auto (Inglaterra).

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