Por Fernando Calmon
A cada novo lançamento os carros produzidos no Brasil avançam e se aproximam da oferta existente em países maduros, com o seu grande poder aquisitivo, além de escala de produção e vendas até cinco vezes maiores que respondem por custos competitivos. Esse equilíbrio sutil entre qualidade, nível de segurança e preço não se revoga por nenhum voluntarismo por mais racional e justo que pareça. Questão de bom senso.
O segmento de médios-compactos (chamado de M1) domina na Europa Ocidental salvo em anos recessivos ou de campanhas de renovação de frotas, quando os compactos sobressaem por serem mais acessíveis. Enquanto por lá quase todos os M1 são hatches, aqui os sedãs têm muito boa aceitação, embora os hatches desse segmento representem 6% de todos os automóveis de passageiros vendidos, mais de 150.000 unidades/ano.
Hatches de maior porte vêm sofrendo por falta de atualização e o limitado poder aquisitivo dos brasileiros que, ainda bem, tende a mudar e se ampliar nos próximos anos. Nesse contexto, a chegada do Fiat Bravo deixa o nosso mercado praticamente alinhado com o europeu, como já ocorre com o Ford Focus e o importado Hyundai i30, por exemplo. O modelo italiano foi apresentado no Salão de Genebra, em março de 2007, e estava previsto para o Brasil no final do ano passado. O atraso decorreu da crise financeira mundial de 2008 e a instabilidade cambial que elevou seus custos.
Isso superado, o Bravo toma o lugar do Stilo cujas vendas ficaram abaixo do esperado. Apesar de dividirem a mesma arquitetura básica, o novo hatch é bem mais bonito, tem interior refinado, porta-malas de 400 litros (5% maior), motores mais atuais e potentes, além de uma gama de recursos e acessórios bastante completa. Vem com airbag duplo de série, direção elétrica de assistência regulável e faróis de neblina com função adaptativa em curvas, entre outros mimos, desde a versão básica Essence de R$ 55.200,00 com ABS opcional.
Sensores de pressão dos pneus e de distância também no para-choque dianteiro, retrovisores rebatíveis eletricamente, navegador integrado na central multimídia com tela de 6,5 pol são alguns dos equipamentos. Versão Absolute, com ABS de série, começa em R$ 62.250. A esportiva T-Jet só no primeiro trimestre de 2011, a R$ 67.700,00. Kit de segurança, sempre disponível, inclui outros cinco airbags, inclusive de joelho para o motorista.
Ao volante, mesmo antes de partir, causam boa impressão o painel em parte revestido por espuma texturizada e o console central discretamente orientado para o motorista. O novo motor E.TorQ de 1,75 litro/132 cv (etanol) apresenta boas respostas, enquanto o câmbio robotizado Dualogic (previsto em 50% da produção) permite trocas automáticas já aceitáveis para esse sistema de apenas uma embreagem.
Espaço para pernas no banco traseiro é um pouco menor do que no Stilo, que era mais alto e tinha menos inclinação nas colunas dianteiras. Como a distância entre-eixos manteve-se igual, os bancos dianteiros recuaram ligeiramente. Suspensões em piso irregular transmitem algum desconforto e ruídos no habitáculo, reflexo da baixa qualidade e falta de manutenção do pavimento, usuais e vergonhosas no Brasil.
RODA VIVA
RUMORES dão conta de que seis novos fabricantes (chineses incluídos) vêm sondando fornecedores e entidades do setor para produzir no Brasil. Mazda parece a mais interessada. A marca já foi representada aqui nos anos 1990. Apesar dos vínculos técnicos com a Ford, a participação desta no capital da japonesa acaba de cair para 3%. Sinal livre para avançar?
EXISTEM poucas dúvidas de que a Honda fabricará aqui um modelo compacto mais acessível, como a Toyota com o Etios. O protótipo, de linhas modernas e ousadas, estreia agora em um salão na Tailândia e se chamará Brio. No entanto, o nome foi usado e registrado pela Fiat e hoje pertence à Ford. Apenas um pormenor, pois o Fit se chama Jazz na Europa. Projeto para 2012.
CAMARO em apenas uma versão (cupê SS, de 6,2 litros/406 cv) surpreendeu pela procura inicial acima do esperado. Em parte pelo seu preço razoável de R$ 185.000,00. Demanda potencial estimada entre 50 e 100 unidades/mês era reprimida por falta de importação oficial. O ritmo atual de 200 unidades/mês talvez não se sustente com o passar do tempo.
SEGUNDO o Denatran, a falta de uso do cinto de segurança é a terceira infração mais cometida fora do estado de emplacamento do veículo, entre janeiro de 2004 e julho de 2010. Perde por pouco para circular na contramão e, por muito, para excesso de velocidade. Como depende de fiscalização constante, estima-se que muitos nem sejam multados.
AUMENTO de procura e cotação do dólar em baixa têm feito cair de forma constante o preço dos navegadores GPS portáteis. É possível encontrar modelos básicos por R$ 200,00. Uma das vantagens: trânsito flui mais rápido porque o motorista para menos para perguntar sobre a rota ou diminui muito a velocidade tentando se reorientar.
Sobre o Autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Novidades Automotivas e em uma rede nacional de 80 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site just-auto (Inglaterra). |