Por Fernando Calmon
Que o consumidor brasileiro tem interesse por versões de roupagem ou acabamento que remetem ao fora de estrada, não existem dúvidas. O difícil é encontrar uma explicação lógica, além de a bem-direcionada ação de marketing que a Fiat soube introduzir e sustentar desde 1999, quando saiu a Palio Weekend Adventure. De lá para cá, surgiram imitadores de todas as direções e o modismo até chegou à Europa, embora nesse caso de forma bastante discreta. Em alguns modelos do fabricante italiano no Brasil, mais de 50% das vendas se concentram nessas versões, caso único no mundo.
A Citroën foi até ousada pois simplesmente decidiu apresentar primeiro a versão aventureira de seu novo monovolume compacto C3, rebatizando-o de C3 Aircross. O C3 Picasso que chega no próximo ano, sem a vestimenta especial, terá invertido, assim, a estratégia convencional de lançamentos. Isso nem mesmo a Fiat tentou. A marca francesa ainda não fez uma estimativa de qual será a composição definitiva entre as duas versões, após a produção se estabilizar ao final de 2011. Porém projeta 24.000 unidades/ano do Aircross. Aproveita também a força da novidade para vender as opções mais caras.
O Aircross começa em R$ 54.000,00 e vai a R$ 62.000,00 (versão Exclusive). Para essa versão de topo há um navegador GPS com tela de sete polegadas e cerca de 400 cidades roteáveis, incluindo a função de bússola eletrônica. A opção, inédita entre carros nacionais, custa R$ 2.400,00. Embora o modelo siga a fórmula consagrada, a Citroën procurou algumas soluções específicas como os racks longitudinais que vão da base do para-brisa até à altura da coluna traseira. O estepe externo fica deslocado para a esquerda em vez da posição centralizada do Idea Adventure e do Crossfox, dois de seus rivais próximos. Já o conjunto de bússola e dois inclinômetros sobre o painel não são inéditos, mas o volante de base achatada garante boa diferenciação.
Para-brisa panorâmico tripartido de fato melhora a visibilidade, ao contrário de monovolumes tradicionais em que as colunas dianteiras costumam atrapalhar. Seu vidro é acústico, como no novo Fiesta. Volante e banco do motorista podem ser ajustados em altura, enquanto a regulagem de encosto é pouco prática. A caixa de direção traz assistência hidráulica – elétrica no C3 hatch --, mas permanece macia e de atuação variável. Afinal, há que lidar com os 1.400 kg de peso da versão mais cara, o que levou ainda a outra alteraçao mecânica: encurtamento do diferencial em nada menos que 15%.
Ao guiar o Aircross, sem lotação completa e ao nível do mar, o motor de 1,6 l/113 cv dá conta do recado, porém sofrerá em subidas e carga total. Nível de ruído do motor foi contido pelo isolamento bem feito. Apesar de aumentar a distância livre ao solo para 23 cm à frente e 24 cm atrás, a Citroën trabalhou bem com as duas barras estabilizadoras e carga de amortecedores para evitar inclinação excessiva da carroceria. A suspensão ficou bem firme, de dureza aceitável.
A garantia é de três anos. As três primeiras revisões serão gratuitas apenas até o final do ano. Brinde realmente útil, ao contrário de tapetinhos, películas e outros agrados do tipo.
RODA VIVA
ANO de 2011 será dos mais movimentados em lançamentos para a GM no Brasil, em especial no segundo semestre. O fabricante nada confirma, mas início da produção do Cruze sedã está previsto para agosto e do hatch para outubro, substituindo Vectras e Astras. Entre estas duas datas deve se encaixar o hatch compacto, de grande importância para a companhia.
CONHECIDO no exterior como GSV (sigla em inglês para veículo pequeno global), no Brasil é tratado como Projeto Ônix, a ser fabricado em Gravataí (RS). São os prováveis substitutos dos Corsas II, hatch e sedã. Restam ainda a nova picape média S10, que deve escorregar para 2012, além dos novos Merivas de cinco e sete lugares que também chegarão em 2011.
TESTE interessante da revista americana Motor Trend. Comparavam Malibu, Fusion, Accord, Sonata, Altima, Legacy e Camry, todos médios-grandes nas segmentações brasileira e europeia. Em um boxe do texto indicaram a distância de parada entre uma freada convencional e outra em que se pisa com toda força nos pedais de freio e acelerador ao mesmo tempo.
IDEIA era demonstrar que, mesmo com acelerador preso no final do curso, a potência de frenagem é três vezes superior à potência do motor e garante desaceleração. Quatro dos modelos pararam no mesmo espaço, sendo que dois levaram o motor automaticamente para marcha-lenta por meio de software. Nos outros três, a distância de aumentou acréscimo em média 18%.
ALGUMAS oficinas aproveitam o tempo seco e aumento da poluição para recomentar troca de filtro do ar-condicionado (nos modelos que o incluem) a cada seis meses. E também “higienização” dos dutos e condensador nesse mesmo intervalo. Na realidade basta fazer inspeções e troca uma vez por ano. Quem sofre é o bolso do motorista.
Sobre o Autor: Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br) é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Novidades Automotivas e em uma rede nacional de 80 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site just-auto (Inglaterra). |